Escalada das investidas militares da Rússia faz o preço do petróleo disparar, e aumentam as preocupações com a inflação global
Confira as informações mais importantes no boletim semanal da segunda semana de março
A guerra entre Rússia e Ucrânia segue sendo o foco dos investidores no mundo. À medida que as tropas de Putin avançam contra o país vizinho, a volatilidade dos mercados continua aumentando, e fez com que as principais bolsas do mundo terminaram a semana no campo negativo.
Na Europa, o índice Stoxx600 – índice que reflete a variação das ações de 600 empresas europeias, de porte pequeno, médio e grande -, encerrou a semana com forte queda de 7%.
Na tentativa de asfixiar economicamente a Rússia, as economias mais desenvolvidas do ocidente seguiram ampliando as sanções contra o país. O presidente americano Joe Biden elevou o tom contra Vladimir Putin, chamando-o de ditador e anunciou o fechamento do espaço aéreo americano para voos vindos da Rússia.
Além disso, a decisão dos Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido de retirar do sistema SWIFT uma série de bancos russos foi interpretada por analistas como a bomba nuclear das sanções.
É oportuno mencionar que o SWIFT é um sistema em que são realizadas e liquidadas as operações financeiras de remessa internacional de valores.
A tensão aumentou quando foram divulgadas notícias e imagens da tomada pelo exército russo da maior usina nuclear da Europa, localizada na cidade de Zaporizhzhya. Na ocasião, foram disparados mísseis que poderiam, por um erro de cálculo, acertar algum reator nuclear da usina, o que causaria um desastre de proporções maiores do que as vistas na usina de Chernobyl na década de 1980.
Comunidades internacionais cobram um posicionamento de China e Índia, países que possuem forte comércio com a Rússia. Porém, a China declarou que, embora veja com preocupação as possíveis mortes de civis na guerra, não participaria junto ao ocidente na imposição de sanções, pois, segundo governo chinês, não teriam bons efeitos.
As gigantes dos cartões de crédito Visa e Mastercard informaram que os cartões emitidos na Rússia deixarão de funcionar no resto do mundo, e os cartões emitidos em outros países deixarão de funcionar na Rússia, deixando, portanto, o país cada vez mais isolado economicamente.
À medida que a guerra avança aumentam as preocupações com a inflação no mundo. Atrás apenas da Arábia Saudita e dos Estados Unidos, a Rússia é grande exportadora de petróleo e gás para a Europa. O barril de petróleo do tipo WTI, que em 2020 custava cerca de US$35/barril, recentemente ultrapassou a marca dos US$115/barril.
Analistas da XP acreditam ser plenamente factível que o preço desta commodity atinja US$140/barril em um curto espaço de tempo caso a guerra perdure. Segundo os especialistas, o efeito em cadeia proveniente de choques de oferta de petróleo é devastador no que se refere ao controle inflacionário dos países.
A preocupação com a inflação americana vêm desde antes do início da guerra, e o presidente do FED – Banco Central Americano – Jerome Powell, informou que apoiará uma alta de 0,25% na taxa de juros do país já no próximo encontro do Comitê de Política Monetária.
Algumas gestoras de fundos de investimentos esperam um longo ciclo de altas na taxa de juros dos EUA, sendo seis altas este ano, e oito em 2023, todas na magnitude de 0,25%.
Cenário Interno
No Brasil, a semana foi curta devido ao feriado de carnaval, tendo as ações da bolsa oscilado conforme o surgimento de novas informações sobre a guerra e o desenrolar econômico.
O posicionamento brasileiro na economia global, como grande exportador de commodities, tem atraído um enorme fluxo de capital estrangeiro para a B3, cerca de R$140 bilhões no saldo acumulado dos últimos 12 meses.
Os analistas também afirmam que o fluxo estrangeiro pode aumentar devido à exclusão da Rússia do MSCI Emerging Markets – índice que visa capturar o desempenho acionário de cerca de 25 países de mercados emergentes -, a tese é que haja uma nova redistribuição da parte que era destinada a investimentos na Rússia e um dos beneficiários dessa mudança seria o Brasil.
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Confira como o mercado encerrou a semana
Destaques do Ibovespa
Veja as empresas que mais valorizaram e as que mais se desvalorizaram na semana.
O destaque positivo da semana foi para as ações da CSN e da Gerdau. Especialistas atribuíram esta performance devido aos desenvolvimentos da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
A Ucrânia é um dos principais exportadores de pelotas do mundo – pequenas bolinhas de minério de ferro utilizadas para a fabricação do aço. A incapacidade do país para exportar sua produção tem feito o preço da commodity subir nos últimos dias, favorecendo as empresas do setor.
Para o destaque negativo estão as empresas de aviação Gol e Azul. Pesa sobre o setor o risco advindo do aumento do preço do petróleo e, consequentemente, do querosene de aviação – combustível das aeronaves.
Um aumento no custo de operação das companhias aéreas desestimula ainda mais a compra de passagens, que ainda não retornaram aos níveis pré-pandemia.
Câmbio e juros
O dólar encerrou a semana com queda de 1,70% em relação ao real, cotado em R$ 5,06/USD.
Com o mercado precificando uma inflação maior à frente, a curva dos juros futuros DI com vencimento em janeiro de 2031, apresentou alta de 27bps na semana e atingiu o patamar de 11,86%.
Crédito Privado
Confira o volume médio diário de negociação dos títulos de crédito privado, em comparação a semana de 28 de fevereiro à 4 de março.
Debêntures não incentivadas: R$862 milhões vs R$844 milhões na semana anterior
Debêntures incentivadas: R$436 milhões vs R$447 milhões na semana anterior
CRIs R$553 milhões contra R$254 milhões na semana anterior
CRAs R$354 milhões contra R$204 milhões na semana anterior
O mercado segue aquecido, e os destaques foram para as debêntures da Transportadora Associada de Gás S.A., e a debênture de infra estrutura da Anemus Holding, CRI FLBC e os CRAs da São Martinho.
Boletim FOCUS
O Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, resume as expectativas para o PIB, IPCA, Câmbio, Selic, feita pelos agentes de mercado, como bancos, corretoras, gestoras, entre outros.
O relatório desta semana demonstra que o mercado financeiro está um pouco mais animado em relação ao PIB de 2022. Há quatro semanas, esperava-se que ele teria alta de 0,30%, já nesta segunda a expectativa é que tenha alta de 0,42% em relação à 2021.
Chama atenção a expectativa do câmbio, que semanalmente tem se apreciado, conforme a tabela abaixo.
Confira as projeções do Boletim Focus para o ano de 2022
Carteiras Recomendadas
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Confira outros assuntos que podem impactar seus investimentos nesta semana
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia segue no topo da lista de atenção do mercado. Investidores estão atentos ao desenvolvimento da dinâmica dos fluxos e preços do comércio global, preço das ações e das commodities.
No Brasil segue a temporada de divulgação de balanços, cerca de 71% das empresas do Ibovespa já divulgaram seus resultados.
Confira as empresas que divulgam seus balanços nesta semana
O conflito no leste europeu está despertando muitas dúvidas nos investidores sobre os impactos diários em preços e investimentos. Caso você também está com alguma dúvida ou deseja saber mais, preencha o formulário abaixo e um dos nossos especialistas no mercado entrará em contato!