Por Paulo Cunha 07 de julho 2022
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Confira as principais notícias do mercado em junho e no primeiro semestre de 2022

O mês de junho encerrou um semestre que não deve deixar boas lembranças para a grande maioria dos investidores. No mundo todo o aumento de preços do custo de vida trouxe grande preocupação por ser um fato que não havia acontecido ainda no século XXI e pegou os Bancos Centrais desprevenidos. 

Hoje um temor de recessão paira sobre os mercados e a liquidez segue retirando investimentos dos ativos de risco, fazendo as bolsas desabarem.

E o Brasil com isso?

Em um primeiro momento, o Brasil mostrava sinais de mais resiliência, se beneficiando dos preços mais altos das commodities e por ter se antecipado a um ciclo de alta dos juros. 

No entanto, este mês os investidores passaram a se incomodar com as investidas políticas contra mecanismos importantes para a segurança da evolução do mercado financeiro, como:

  1. 1. Teto Fiscal: Apostando todas as fichas na reeleição, tanto congresso como o governo estão promovendo uma forte expansão de gastos acima do limite do teto e colocando em xeque a sua credibilidade;
  1. 2. Lei das Estatais:  Incomodados com os sucessivos reajustes de combustíveis da Petrobras e sem ter o poder de conter isso diretamente, alguns personagens da política estão ameaçando rever esta importante lei de governança que de certa forma “blinda” as empresas estatais brasileiras de interferências políticas.

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Esses fatores, somados à proximidade das eleições, têm gerado bastante cautela junto aos investidores, que acabam preferindo aguardar sinais mais claros de uma possível melhora antes de fazerem suas apostas.

Por outro lado, muitos gestores têm considerado os níveis de preços das ações na B3 bastante atraentes para o longo prazo e seguem aproveitando as “promoções”.

Rafael Furlanetti, diretor da XP Investimentos, diz que “com os atuais preços da Bolsa investidores de longo prazo avaliam oportunidades em se tornar acionistas de empresas que tenham bons fundamentos, que certamente passarão por essa crise”.

O fundo de ações da Dynamo, uma das gestoras mais renomadas do mercado e que abriu para captação recentemente, está aumentando sua participação na carteira das empresas que já investe. Estão entre as ações: Localiza, Natura, Eneva, Lojas Renner, Cosan e Vibra.

Em contato com a Verde Asset, outra gigante gestora brasileira, também podemos sentir que o momento é de aproveitar barganhas, além de continuar comprando, visto que as ações estão baratas nos preços atuais, segundo analistas.

Leia também: Verde Asset, onde investe a gestora que administra mais de R$40 bilhões?

Quando observamos a relação P/L (preço e lucro), que mede em quanto tempo uma ação consegue “se pagar” através de seus lucros anuais, podemos ver com clareza que a janela de momento atual aconteceu apenas outras 2 vezes nos últimos 20 anos. Em 2008 na crise do subprime e em 2001 na crise pontocom.

Mapa de Riscos 

Ainda assim, por falta de sinais do momento de virada do mercado e com muitos riscos no radar, o ambiente deve seguir pesado e com chances de maiores quedas.

Fonte: XP Investimentos

É o momento de investir na renda fixa?

Em junho, vimos novamente a curva de juros de alguns vértices ultrapassando a casa dos 13% ao ano, e já tem muita gente experiente no mercado dizendo que podemos ver a Selic na casa dos 15% ainda em 2022. 

Não há dúvidas que o momento é de aproveitar aplicações prefixadas e atreladas à inflação quando se trata de uma carteira de perfil mais arrojado. Patamares assim não eram vistos há um bom tempo. 

No entanto, o estresse deve continuar afetando o prêmio de risco e consequentemente as taxas oferecidas nestas aplicações, fazendo ser mais prudente ir investindo pouco a pouco conforme as taxas aumentam.

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Também vimos a NTN-B 2050 encostar nos IPCA+6% nas últimas semanas. Patamar que na maioria das vezes da história se mostrou bastante vencedora no longo prazo. 

Neste cenário de maior incerteza no Brasil, principalmente fiscal, o mercado vem ajustando para cima as projeções de inflação, mantendo as expectativas da inflação no longo prazo em patamares elevados, acima de 6% (conforme gráfico abaixo). 

Deste modo, os vencimentos longos de renda fixa (IPCA+) se tornaram bastante atrativos.

Fonte: Anbima | Elaboração: Levante Corp

Neste contexto, as empresas têm aproveitado o momento atrativo da renda fixa para ir ao mercado emitir dívidas (Debêntures, CRA e CRI) para se capitalizarem. 

Recentemente, grandes empresas como CSN, Taesa e Ultrapar emitiram Debêntures e CRA a taxas bem atrativas ao redor de IPCA+6%, isentas de IR para pessoa física, sendo um ótimo investimento para compor portfólios e ganhar da inflação no longo prazo, segundo analistas da XP Investimentos.   

E o dólar?

O dólar teve forte valorização frente ao real em junho (+9,90%, linha roxa do gráfico abaixo), impactado principalmente pelas preocupações fiscais no Brasil. 

O risco país medido pelo CDS de 5 anos mostrou uma forte alta em junho (gráfico em candles baixo), após a PEC dos auxílios ter colocado cerca de R$41Bi de despesas fora do teto de gasto do governo. 

Fonte: Investing.com.br

Abaixo, confira os principais indicadores do mercado financeiro em Junho de 2022.

  • – CDI: +0,97%
  • – Poupança: +0,62%
  • – IPCA: +0,70%
  • – Ibovespa: -11,50%
  • – S&P 500: -7,70%
  • – Nasdaq: -9,00%
  • – Ouro: -2,22%
  • – Bitcoin: -37,32%
  • – Dólar: +9,66% 
  • – IHFA: -0,51%
  • – IFIX: -0,99%

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