Por Paulo Cunha 19 de outubro 2022
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Entenda o impacto do primeiro turno das eleições brasileiras no cenário nacional e o que esperar para os próximos meses

O mercado acionou o “modo eleição” após os resultados do primeiro turno do pleito para Presidente da República com a bolsa saltando 5,54% no dia 3 de outubro. Em um primeiro momento, podemos avaliar como positiva a avaliação dos investidores quanto ao fato de Bolsonaro ter tido mais votos do que as pesquisas apontavam e sem uma vitória do Lula logo no primeiro turno.

Uma vitória no dia 3 de outubro poderia dar força para a esquerda assumir e avançar em pautas mais radicais como revogar a reforma trabalhista, extinguir o teto de gastos, cancelar as privatizações, entre outras medidas consideradas importantes para o bom ambiente econômico do país.

No entanto, a grande surpresa foi uma vitória da centro-direita no congresso, fato que as pesquisas feitas sobre as eleições brasileiras não conseguiram capturar. A reação positiva do mercado se deve a este fato, pois demonstra que não haverá espaço para que as pautas mais radicais citadas acima conseguirem ser aprovadas.

Outro ponto de atenção foram os pleitos estaduais, com a Sabesp registrando alta de 16% no dia seguinte à liderança de Tarcísio de Freitas nas eleições para governador de São Paulo. 

Vale dizer que até setembro a volatilidade maior da bolsa, que costuma acontecer em períodos pré-eleitorais, não aconteceu. Inclusive, o Ibovespa subiu 0,5% no mês passado, contra uma variação negativa dos principais índices de ações globais.

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Como está o mundo em paralelo ao Brasil? 

As preocupações continuam as mesmas com relação à inflação alta e, consequentemente, o aumento de juros em um mundo pós-pandemia. Agora, o cenário também engloba ameaças de utilização de armas nucleares por parte da Rússia, que se vê fragilizada na guerra contra a Ucrânia e por declarações da China de que pode vir a se utilizar de força para tomar Taiwan. 

A tendência geral dos mercados globais continua sendo de baixa e marca um dos maiores períodos negativos do passado recente, acumulando nove meses em tendência de baixa no S&P 500.

Gráfico

Descrição gerada automaticamente
Fonte: Investing

Outra fonte de preocupação é o Banco Europeu Credit Suisse e o quanto ele poderia gerar de contágio no sistema financeiro internacional. O CDS do Banco, que é um seguro contra calote, atingiu o maior nível desde 2008 e as ações já caíram mais de 50% ao longo de 2022.

Fonte: Bloomberg

Renda Fixa e IPCA+

Em setembro tivemos o terceiro mês seguido de deflação com -0,29% de contração nos preços. No entanto, este resultado foi menor do que o esperado pelo mercado e devemos estar chegando ao fim de um período de redução no indicador.

Vale dizer que este resultado afeta a rentabilidade dos ativos de renda fixa indexados ao IPCA, os quais devem ser avaliados pelo investidor por um período mais longo e visando uma eventual queda dos juros locais, que está previsto para começar a acontecer em algum momento de 2023.

Fim do aumento dos juros?

Ao que tudo indica, o Banco Central deve interromper o ciclo de alta dos juros no patamar de 13,75% ao ano, o que pode ser bastante positivo para ativos de risco locais e papéis de renda fixa de longo prazo prefixados e IPCA+. Inclusive, essa é a visão dos gestores da Schroders na carta Mensal de Setembro:

“No Brasil, com a manutenção da taxa Selic em 13,75% a.a. e a contínua melhora dos dados de inflação, acreditamos o que o ciclo de aperto monetário chegou ao fim e vemos oportunidades em setores com empresas de qualidade e valuation atrativos.

No entanto, isso pode depender do posicionamento do presidente eleito, segundo carta mensal JGP:

“Para haver consolidação de uma taxa nominal de juros de um dígito no Brasil, a política fiscal terá que ser calibrada para não haver aumento da proporção de gastos públicos em relação ao PIB, como se viu no passado. A definição do resultado eleitoral e o posicionamento do presidente eleito a esse respeito será fundamental para garantir a redução da taxa de juros no Brasil de forma sustentada.”

Já é o momento de comprar na bolsa?

Tivemos pouca mudança de panorama nos últimos meses quando olhamos para os ativos de risco. Nos EUA, o S&P500 continua recuando e tentando marcar um fundo, enquanto, no Brasil, a B3 tenta encontrar um trigger para engatar uma tendência de alta.

Vale dizer que por fundamentos a bolsa local segue bastante atrativa, apesar de muitos gestores estarem preferindo aguardar os resultados das eleições brasileiras, outros mais arrojados querem se antecipar a tendência.

“Seguimos com caixa reduzido, de aproximadamente 4%, além de investimentos em ações no exterior, com uma parcela próxima de 5%. Apesar do momento político e econômico delicado no Brasil, entendemos que boa parte desse pessimismo do mercado já está no preço atual. Como gostamos de reforçar, estamos com um portfólio adequadamente diversificado, investido em empresas nas quais vemos bons fundamentos, perspectivas favoráveis no médio e longo prazo, e a preços muito atrativos.”

Carta Mensal da Real Investor

Mapa de Riscos – Fonte: XP Investimentos

Voltando ao cenário macro global, apesar da recuperação recente dos ativos de risco, o momento é de cautela e devemos ter mapeados os riscos abaixo:

Diagrama, Linha do tempo

Descrição gerada automaticamente

Leia também: Por que é importante ter uma carteira diversificada?

Indicadores do mês de Setembro

Confira abaixo o fechamento de resultado dos indicadores do mês de setembro de 2022:

  • – IPCA: -0,29%
  • – CDI: 1,07%
  • – DOLAR: 3,71%
  • – IBOVESPA:  0,47%
  • – S&P: -9,20%
  • – Nasdaq: -10,50%
  • – IHFA: -1,19%

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