Qual o impacto da dívida americana no resto do mundo?
Entenda como a dívida americana poderia afetar os investimentos dentro e fora do país
O acordo sobre a dívida americana foi oficialmente concretizado. O senado dos EUA aprovou na última quinta-feira (01/06) um projeto de lei que aumenta o teto da dívida e limita os gastos do governo por dois anos, enviando o tema para a mesa do presidente americano Joe Biden. Mas o que aconteceria em caso de calote da dívida americana?
A incapacidade do governo de pagar a dívida americana levantaria sérias questões sobre a credibilidade do país, poderia minar a confiança dos credores, levando, inclusive, a questionamentos sobre o status do dólar como moeda de reserva, aumentando os custos dos empréstimos federais.
A dívida americana é amplamente considerada como algo seguro, enquanto os títulos do governo dos EUA são considerados uma referência de baixo risco. Muitos investidores e instituições financeiras em todo o mundo possuem títulos do governo dos EUA como reserva de valor ou como parte de um investimento de baixo risco.
O tamanho da dívida americana e sua estabilidade influenciam os mercados financeiros globais e as taxas de juros em todo o mundo. Alguns dos principais efeitos de um hipotético calote podem ser vistos a seguir.
Títulos do governo e a dívida americana
Um calote da dívida americana poderia elevar os riscos de um mercado que envolve trilhões de dólares, levando a possibilidade de quedas bruscas dos mercados financeiros e desencadeando uma crise internacional.
Além disso, as preocupações dos investidores sobre a solvência da dívida dos EUA podem gerar “exigências” de rendimentos mais altos dos títulos do governo dos EUA. Isso poderia levar a taxas de juros de longo prazo mais altas em todo o mundo, afetando os custos de empréstimos para outros governos, empresas e pessoas físicas.
Taxas de câmbio e dívida americana
A dívida americana também tem impacto sobre a taxa de câmbio. Quando as pessoas se preocupam com a capacidade dos Estados Unidos de pagar sua dívida, os investidores podem vender o dólar, o que pode fazer com que a moeda enfraqueça em relação às demais, o que tem a possibilidade de resultar em implicações para o comércio global e para os países que mantêm relações comerciais significativas com os Estados Unidos.
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Bolsa de valores
Os EUA são um destino popular para investimentos estrangeiros e a confiança na solvência dos Estados Unidos é um fator importante nessa decisão. Se a dívida americana for considerada insustentável ou de alto risco em algum momento, o investimento estrangeiro no país poderia diminuir, o que traria impactos negativos ao país e à economia mundial.
Como resultado, o calote da dívida americana prejudicaria a confiança dos investidores, derrubando os preços das principais Bolsas de Valores do país. Em 2011, por exemplo, durante o debate sobre o teto da dívida, o S&P 500 caiu cerca de 15%.
Famílias americanas
A inadimplência traria riscos ao governo federal em desempenhar suas funções essenciais, podendo gerar atrasos nos pagamentos de benefícios e serviços dos quais os americanos dependem, tais como pagamento às empresas pelos bens e serviços que vendem ao governo federal e restituições de impostos devidos a famílias e empresas.
Além disso, de acordo com a análise da Moody’s, o crescimento econômico dos EUA diminuiria, com 7 milhões de empregos desaparecendo nos EUA. As taxas de empréstimos poderiam aumentar, a taxa de desemprego se elevaria dos atuais 3,4% para 8% e a queda do mercado de ações retiraria US$10 trilhões em investimentos, segundo projeções.
Classificação de crédito
A inadimplência da dívida americana certamente levaria a um rebaixamento da classificação de crédito dos títulos do governo dos EUA, o que, por sua vez, levaria a taxas de juros mais altas e, portanto, a custos de empréstimos mais altos.
Como resultado, haveria uma redução da atividade econômica, do investimento empresarial e aumento do custo das principais compras para as famílias americanas, como casas e veículos, bem como o custo da dívida do cartão de crédito.
Impacto em outros países
Um calote na dívida americana poderia afetar as relações econômicas e políticas com outros países. Por exemplo, os países que detêm grandes quantidades de títulos do governo dos EUA poderiam exercer influência política ou usar essa posição como alavanca em negociações comerciais ou diplomáticas.
Por outro lado, os pedidos de fábricas chinesas para vender eletrônicos para os EUA poderiam ser prejudicados. As empresas do Sri Lanka poderiam não mais usar o dólar americano como alternativa à sua própria moeda.
Além disso, um calote poderia desestabilizar o sistema financeiro global, que depende da estabilidade do dólar como ativo seguro e principal moeda de reserva.
Por fim, no curto prazo, uma perda de confiança no dólar tem a possibilidade de atrapalhar as cadeias de suprimentos que estão lutando para se recuperar de gargalos relacionados à pandemia e aos preços de energia, atingidos pelas consequências da guerra da Rússia na Ucrânia.
Em suma, uma desaceleração, causada por um calote da dívida americana levaria a redução da demanda global, bem como poderia aumentar, para as economias vulneráveis, como o caso do Brasil, o risco de recessão.
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