Por Diogo Santos 13 de junho 2022
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Confira o boletim semanal da segunda semana de junho

A semana passada foi crucial para os investidores entenderem a magnitude do problema da inflação norte americana e seus desdobramentos, tanto na economia real como no mundo dos investimentos.

Para os analistas que acreditavam que o pico da inflação teria acontecido em abril, foi um baque quando o CPI – índice de preços ao consumidor – divulgado na última sexta-feira, anunciou uma alta de 1% em relação ao mês anterior. Isso representa um aumento de 8,6% ante o mesmo período do ano passado e, para se ter uma ideia, este é o maior valor desde 1981.

Embora esse assunto seja amplamente discutido, o mercado financeiro trabalha com expectativas futuras. 

Confira também o nosso boletim semanal no Youtube com análise de Luan Nardi:

Assim, a leve desaceleração que o índice apresentou em abril deste ano fez com que os investidores menos avessos a risco projetassem uma inflação futura mais branda e, com isso, o país passaria ileso à uma recessão.

Acontece que a inflação veio acima da expectativa, que era de 0,7%, a qual inclusive já projetava um número expressivo para os padrões do país. 

Além disso, o que mais preocupou foi o fato de o núcleo do índice ser elevado. Lembrando que o núcleo do CPI mede a inflação excluindo os preços de energia e alimentação, que normalmente são os mais voláteis.

Fonte: XP Investimentos

Essa informação consolidou o que a ala mais conservadora do mercado já vem esperando há algum tempo, que o FED – Federal Reserve – terá um enorme trabalho à frente para conter esse problema real e que está refletindo no bolso dos americanos. 

Diante disso, não há muito o que fazer a não ser elevar os juros para capturar o excesso de liquidez no mercado, o que objetiva segurar o preço dos bens e serviços pela via da escassez de demanda.

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Essa dinâmica tem um risco alto de recessão, mas, pelas contas dos banqueiros centrais, o custo da recessão é menor do que o custo que a inflação gera para a nação. Em momentos como este acontece o seguinte movimento, confira o exemplo micro para depois expandir para toda a economia: 

O Banco Central eleva os juros, isto encarece o custo do dinheiro, logo tomar empréstimos para financiar uma casa ou investir no próprio negócio fica mais caro. 

As empresas, as famílias, as pessoas passam a priorizar a poupança pois a rentabilidade do investimento “livre” de risco está melhor do que no passado e, como vimos, tomar crédito está mais difícil. 

Se as pessoas não consomem, construtoras deixam de vender casas, fábricas de veículos deixam de vender carros, vendas no varejo desaceleram e assim isso se expande para a maioria dos setores da economia. 

Todos, ou a maioria, dos setores passam a vender menos, com isso empresas perdem os lucros. A perda de lucro leva a demissão de funcionários, queda na produção, afinal existem menos pessoas interessadas em comprar, para atrair mais clientes as empresas e os prestadores de serviço são forçados a baixarem os preços das mercadorias, ou ao menos interromper a alta. 

Neste momento, a inflação estará controlada.

Mas, começa então o ciclo da recessão e este é o ciclo tão temido pelo mercado!

Se levarmos em consideração que a bolsa avança conforme avançam os lucros das empresas, é natural aceitar que o contrário também é verdadeiro. Em casos de recessão, a perspectiva de lucro cai e, consequentemente, o preço das ações na bolsa também.

Essa dinâmica fez com que as ações da Nasdaq, o S&P500 e o Ibovespa encerrassem a semana com quedas da ordem de 5%. No ano a Nasdaq, que é a bolsa onde estão a maioria das empresas de tecnologia, já despenca mais de 27% e o S&P mais de 18%.

Diante destas quedas, analistas da XP chamam a atenção para o fato de que o S&P passa a ser negociado pela métrica P/E (Preço/Lucro) 5% mais barato do que a média histórica, conforme imagem abaixo.

Fonte: XP Investimentos

Na China o PMI Composto, índice que mede a atividade econômica, saltou de 37,2 para 42,2. Isso significa que o país está caminhando para expansão da economia, pois o PMI acima de 50 significa expansão e abaixo de 50 contração.

No país, foi divulgado ainda dados da inflação que apresentou alta de 2,1%, em relação a maio do ano passado, em linha com o esperado pelo mercado.

Leia também: Gestores avaliam que a Bolsa brasileira está barata, mas apontam riscos

Cenário local 

No Brasil, ao contrário dos Estados Unidos, o IPCA, índice oficial de inflação do país, apresentou uma desaceleração maior do que esperavam os economistas. 

O índice demonstrou que a inflação subiu 0,47% em maio, bem abaixo dos 0,58% que era o consenso de mercado. 

Segundo analistas, isso é reflexo das constantes altas de juros que o Banco Central tem realizado ao longo dos últimos meses, inclusive o mercado acredita que estamos próximos do fim dos ciclos de alta da taxa Selic. 

No ano o índice acumula alta de 4,78% e em 12 meses alta de 11,73%.

Confira como o mercado encerrou a semana

Fonte: Investing.com.br

Destaques do Ibovespa

Veja as empresas que mais valorizaram e as que mais se desvalorizaram na semana

Fonte: B3

Para os destaques positivos, Qualicorp (QUAL3) e CSN Mineração (CMIN3), a XP disse não haver motivos específicos, já para a JBS a corretora fez o seguinte comentário: 

“Ainda que não tenham notícias específicas da empresa, a percepção de retomada das compras pela China conforme o lockdown é removido, a recente desvalorização do Real perante o Dólar, a leitura favorável de virada de ciclo do gado no Brasil e a melhora das margens no setor de aves, trazem otimismo com os resultados do 2º trimestre, impactando positivamente a performance do papel”. 

Para o destaque negativo foi a empresa de tecnologia Positivo, as ações da companhia encerraram a semana com queda de 20,3%. Analistas não pontuaram questões específicas, mas destacaram que o aumento das taxas de juros pode ter influenciado negativamente o preço das ações.

Câmbio e juros

O Dólar encerrou a semana com alta de 4,48% em relação ao Real, cotado em R$ 4,99/USD. 

Já a curva dos juros futuros DI com vencimento em janeiro de 2031, apresentou alta de 23bps na semana e atingiu o patamar de 12,71%. 

Confira os assuntos que podem impactar seus investimentos essa semana

O mercado financeiro global aguarda ansiosamente o pronunciamento do FOMC – Comitê de Política Monetária do Federal Reserve -, que na próxima quarta-feira, 15/06, anunciará qual será a nova taxa de juros norte-americana. Este sem dúvida é o principal evento econômico da semana. 

Atualmente, a taxa de juros básica da economia americana está entre 0,75% e 1%, segundo analistas a maior probabilidade é de que ela suba para o patamar entre 1,25% e 1,50%. Porém, não descartam a hipótese do aperto ser maior e ela subir para a faixa entre 1,50% e 1,75%.

Além dos Estados Unidos, o Banco da Inglaterra – BoE – também divulgará sua taxa de juros nesta semana. Outros dados esperados são referentes a inflação ao produtor nos Estados Unidos e inflação ao consumidor na Europa.

No Brasil, o mercado também estará atento à decisão do COPOM que decidirá a nova taxa Selic na próxima quarta-feira, 15/6, véspera de feriado Corpus Christi, a XP espera um aumento de 0,50%. Caso isso ocorra, a taxa passará a ser de 13,25% ao ano.

Fique de olho nestes movimentos pois como vimos os aumentos da taxa de juros não impactam apenas a renda fixa, mas a economia em geral, passando pelas decisões de compra das famílias ao risco do endividamento das empresas.

Confira a agenda completa abaixo:

Fonte: Investing.com.br

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