Por iHUB 26 de janeiro 2023
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Ações da Americanas caíram 95% em pouco mais de sete dias, entenda o que esperar dos próximos passos

A Americanas (AMER3), uma das principais varejistas brasileiras, apoiada por um grupo seleto bilionários, incluindo o homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo Lemann, está em crise desde que divulgou “inconsistências” contábeis de mais de R$ 20 bilhões.

Desde então, as ações da Americanas caíram mais de 95%, com a empresa envolvida em uma batalha legal com credores, incluindo o Banco Bradesco e o banco de investimentos BTG Pactual. 

Agora, muitos estão se perguntando o que o futuro reserva para as ações da Americanas após a dívida bilionária. 

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O que aconteceu com as Americanas?

A Americanas é uma marca que conta com lojas nas ruas e shoppings de todo o Brasil. Com mais de 40.000 funcionários, a empresa opera mais de 3.500 lojas que vendem uma variedade de produtos, desde eletrônicos até lanches e utensílios domésticos.

As “irregularidades” contábeis de R$20 bilhões decorreram de operações até então comuns entre varejistas brasileiros. A operação funciona da seguinte forma: o banco paga antecipadamente os fornecedores da Americanas, tornando-se a empresa responsável pelo pagamento desses empréstimos, incluindo o pagamento de juros.

No entanto, essas transações de juros foram efetivamente mascaradas pela empresa, que não as classificou como obrigações financeiras. Sendo assim, tal prática, conhecida como “risco sacado”, levou a crer que a Americanas havia obtido maior porcentagem de lucro em seus balanços durante anos.

O escândalo aconteceu apenas duas semanas depois que Sérgio Rial, ex-chefe do Santander no Brasil, assumiu a Americanas, tomando conhecimento dessas inconsistências contábeis.

Importante destacar que, de acordo com executivos do mercado financeiro, Bradesco, Santander, Itaú, Safra, BTG Pactual e Banco do Brasil são as instituições com os maiores volumes de empréstimos concedidos a Americanas.

Solução de curto prazo dizimada 

Devido à polêmica, os bancos credores exigiram o pagamento de dívidas e chegaram a recorrer à Justiça para vender os ativos da varejista. Além disso, desde o início da crise, o mercado derrubou as ações da Americanas, que hoje estão sendo negociadas abaixo de R$ 1,00.

Essas medidas acabaram levando a um esgotamento perigoso do caixa da empresa e, portanto, inviabilizaram suas operações de curto prazo e soluções de negociação para uma possível reintegração. Com isso, a empresa passa por uma crise de liquidez gravíssima.

Pedido de recuperação judicial 

Após a descoberta de inconsistências contábeis, bem como, o início de uma disputa judicial com credores, que buscam compensar parte da dívida da empresa, a varejista brasileira entrou com pedido de recuperação judicial. 

A Americanas disse em seu pedido de recuperação judicial que a decisão dos credores de declarar o vencimento antecipado das obrigações fechou “a porta para qualquer tipo de negociação amigável viável”. 

Desse modo, o pedido de recuperação judicial da Americanas visa manter a liquidez da empresa em níveis que permitam um “bom funcionamento” das suas lojas, canais digitais e outras entidades.

Acatado o pedido, a execução judicial definitiva da dívida fica suspensa por 180 dias, prorrogáveis ​​por mais 180 dias. Além disso, a empresa tem 60 dias para apresentar proposta que inclua formas de pagamento aos credores e reestruturação administrativa.

Em seu pedido de recuperação judicial, a empresa declarou dívidas no valor total de R$ 43 bilhões, entre aproximadamente 16,3 mil credores. Assim, as inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões reportadas inicialmente tinham um valor muito menor do que a dívida que a Americanas tinha de fato.

Futuro incerto 

Apesar das tentativas da empresa, é difícil mensurar o que o processo de recuperação judicial trará para as ações da Americanas. A Fitch Ratings já cortou a nota de crédito da Americanas de ‘C’ para ‘D’ e a nota nacional de ‘C(bra)’ para ‘D(bra)’, colocando a empresa sob risco de crédito muito elevado.

Além disso, a perda de reputação e confiança nos três principais acionistas da Americanas, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, com trajetórias de décadas de pioneirismo no mercado, levam grandes investidores a questionarem se é uma boa ideia alocar fundos na empresa ou se a empreitada fará com que a Americanas consiga preservar sua reputação e legado.

“Os três homens mais ricos do Brasil (…), ungidos como uma espécie de semideuses do capitalismo mundial ‘do bem’, são pegos com a mão no caixa daquela que, desde 1982, é uma das principais companhias do trio”, disseram os advogados do BTG ao recorrer na Justiça contra uma liminar que protege as Americanas S.A. dos credores.

A verdade é que ainda há muitas incertezas para que seja possível definir qual será o futuro das ações da Americanas e a empresa como um todo, mas sem dúvidas, independentemente do caminho que a varejista percorra, haverá cada vez mais obstáculos.

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