Ibovespa volta aos 110 mil pontos e dados do PIB do 2T22 são divulgados
China continua apostando na política Zero Covid; Dados do IPCA de agosto no Brasil são divulgados nesta semana
Na última semana, as declarações do FED sobre a extensão das altas dos juros americanos derrubou os mercados. Dentro disso, outros fatores também colaboraram para a postura defensiva, como os dados do payroll, que mesmo acima do esperado mostraram alta na taxa de desemprego, deixando parte dos investidores divididos sobre o ritmo de alta dos juros por lá. A cada dado divulgado, novas especulações surgem e as dúvidas prevalecem.
O mercado americano, em sua maioria, segue apostando na alta de 0,75% na taxa de juros este mês. A partir desta leitura, o mercado segue cortando expectativas para uma possível redução nos juros apenas em 2023, mostrando que a economia pode demorar para desacelerar.
O dado mais importante da semana, o payroll, mostrou que o mercado de trabalho segue se expandindo com a criação de mais de 315 mil vagas, acima do esperado de 298 mil.
Contudo, alguns fatores chamaram a atenção, como aumento da participação de força de trabalho no mercado –mostrando que a oferta de mão de obra voltou a crescer em meio a um cenário de falta de mão de obra –, com isso a taxa de desemprego sofreu um aumento para 3,70% e o consenso era 3,50%.
O segundo fator é o avanço tímido no aumento de salários, refletido pela maior oferta de mão de obra. Em todo caso, nota-se que a piora nas condições de trabalho deve-se a um aumento na oferta de trabalho e não na redução de vagas criadas.
Na China, os mercados seguem com desempenho negativo e hoje, inclusive, foi divulgado mais um estímulo em corte de compulsório bancário. Por outro lado, o país intensificou o bloqueio em distritos da megacidade de Chengdu, tentando conter um surto de Covid-19.
O principal indicador divulgado no país asiático foi o PMI Industrial, que mostrou um leve avanço, mas ainda em território contracionista. A indústria chinesa passa por dificuldades de crescimento, dado a desaceleração do setor imobiliário – pelo fato de que diversos donos de hipotecas seguem não efetuando os pagamentos de suas dívidas, por conta de atrasos na entrega dos imóveis.
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A política de Covid zero também está impactando negativamente o crescimento chinês. As relações entre China e Taiwan continuam estremecidas e vale manter a atenção nos desdobramentos desse conflito.
Na Europa, a inflação foi recorde em agosto, atingindo 9,1% no anualizado. Com investidores penalizando o bloco europeu, dado que o movimento de alta dos juros na região apenas começou. Ademais, as dúvidas no abastecimento de energia (gás) com o inverno se aproximando gerou receios de uma desaceleração mais forte no bloco europeu.
A maior preocupação é a crise energética, na última semana, pelo lado positivo, um alívio nos preços dado a crescente expectativa de um acordo dos EUA com o Irã. O lado negativo é o fechamento do fornecimento de gás por parte da Gazprom, russa, que alegou problemas técnicos no transporte.
Cenário Local
O Ibovespa voltou a recuar, com piora do humor no exterior causado pela expectativa de juros em patamares mais elevados nos EUA, ofuscando os dados do PIB do 2T22 acima do esperado no Brasil. A bolsa brasileira retornou ao patamar de 111 mil pontos e encerrou a semana a 110.864.
Além disso, os dados do PIB do 2T22 (+1,20%) vieram acima do esperado com a indústria e investimentos sendo destaques de alta. Por outro lado, o setor de serviços, principal peso no PIB, veio mais fraco, com inflação afetando esse cenário. O agronegócio voltou a subir depois da queda no 1T22.
O IGPM mostrou deflação em agosto (-0,70%), com os combustíveis sendo o principal contribuidor e o Caged exibindo a criação de vagas na economia em julho abaixo do esperado (+218 mil vagas), contra a expectativa de +260 mil.
Na agenda da semana, os investidores passaram a monitorar os dados de emprego e crescimento, dando maior visibilidade aos próximos passos do Banco Central em relação à taxa de juros.
A maioria dos analistas segue reduzindo as projeções sobre o IPCA, com a frequente redução nos preços dos combustíveis como efeito positivo referente ao teto da alíquota cobrada sob o ICMS de bens essenciais.
Eleições 2022
A intensificação da campanha eleitoral trouxe uma chuva de pesquisas eleitorais na semana. A pesquisa Datafolha trouxe como destaque a melhora da candidata Simone Tebet em 3%, hoje contando com 5% dos votos e Ciro Gomes avançando para 9%.
Já o candidato Lula recuou 2% dentro da margem de erro para 45% de intenções de votos, enquanto o atual presidente Bolsonaro se manteve estável com relação à pesquisa anterior com 32% na simulação de primeiro turno.
Entre as falas dos presidenciáveis, ficam incertezas em relação ao piso do Auxílio-Brasil, e o atual ministro Paulo Guedes afirmou que a reforma da tabela de IR em um projeto que envolve a criação de imposto sobre lucros e dividendos poderá manter o auxílio em R$600,00.
No radar corporativo, destaque para empresas do setor de construção civil, impulsionado pela queda da curva de DIs e extensão do prazo de pagamento do programa Casa Verde e Amarela.
Principais trocas das carteiras recomendadas XP
Destacamos comentários dos analistas de research da XP sobre as trocas de ações das principais carteiras recomendadas:
- Carteira Top 10
- – Saem RENT3 e RAIL3;
- – Entram SOMA3 e TIMS3;
- – Diminuímos peso de BBAS3 para 5% e aumentamos de ITUB4 para 15%;
- – Diminuímos o peso de VALE3 para 5% e aumentamos de RAIZ4 para 10%.
RENT3: A saída de RENT3 se deve mais para dar entrada a RAIL3. A Localiza apresentou boa performance no mês de agosto e a equipe de análise espera um possível aumento de custos e despesas relacionados à integração com a fusão da Unidas nos próximos trimestres, impactando os resultados de curto prazo.
RAIL3: Entrada de RAIL3 para tornar a carteira um pouco mais defensiva, já que aumentaram o beta com a entrada de SOMA3. Além disso, a expectativa por uma safra positiva e preços dos grãos em patamares ainda interessantes, devem contribuir para a retomada de volumes da companhia. O aumento dos custos de combustível tende a ser marginalmente positivo, em função da companhia possuir melhor eficiência operacional em relação a outros modais de transporte de grãos, tornando o repasse de preços mais favorável para Rumo em relação aos pares, mantendo o patamar de rentabilidade.
SOMA3: Troca da Small Caps para Top 10, com a companhia atingindo o Market Cap limite para a estratégia de small caps. Observam um cenário positivo para a companhia, principalmente pela descrença do consenso mercado com relação ao potencial da Hering.
TIMS3: Retiraram TIMS3 da carteira TOP 10 mas mantiveram na dividendos, para dar espaço a SOMA3. Viés de aumentar exposição a ações de crescimento na carteira.
BBAS3/ITUB4: Redução de exposição ao banco estatal com aproximação das eleições e aumentando peso em ITUB4 para manutenção da exposição de 20% ao setor financeiro, em linha com o Ibovespa.
VALE3/RAIZ4: Seguindo a tendência de redução de exposição da carteira às commodities metálicas, com viés ainda negativo para China, por uma crise imobiliária e dificuldades de acelerar crescimento econômico. O aumento de RAIZ4, se deve a visão positiva ao setor de energia, que continua como uma das principais teses da XP em meio ao cenário de oferta restrita de petróleo.
- Carteira Top Dividendos – Sem mudanças.
- Carteira Top Small Caps
- – Saem MYPK3 e SOMA3;
- – Entram TUPY3 e GMAT3.
MYPK3: A companhia possui cerca de 33% da receita advinda da Zona do Euro. A equipe possui uma visão mais cautelosa em relação à região, que atravessa uma crise energética e pode entrar em recessão nos próximos trimestres. Além disso, a queda nas commodities metálicas também pode impactar a alavancagem operacional, com revisão de preços para baixo em função de menores custos de matéria prima.
TUPY3: A estabilização da cadeia de suprimentos de semicondutores tende a melhorar os volumes da Tupy, que foram bastante impactados pela falta da matéria-prima nos últimos trimestres. A companhia tem uma exposição de quase 60% da sua receita aos EUA e apesar de uma possível desaceleração da economia americana, ainda enxergam como a melhor exposição global.
SOMA3/GMAT3: Saída de SOMA3 por ter atingido o Market Cap máximo para a estratégia Small Caps. A entrada do Grupo Mateus está em linha com o viés positivo para o setor alimentar, que tem demonstrado uma forte resiliência em termos de vendas.
Confira os Relatórios Prévios das Carteiras XP, clicando aqui.
Fluxo do Investidor Estrangeiro
O investidor estrangeiro começou a tirar o pé do acelerador no Brasil. Nos últimos 10 pregões, a entrada acumulada foi de R$1,15 bi, sendo cinco pregões negativos, e o último dado divulgado, 01/09, foi da saída de R$901,82 milhões. No acumulado de 2022, o capital externo soma entrada de R$69,251 bilhões. No acumulado de agosto, o saldo ficou positivo em R$16,393 bi.
Dólar
O dólar subiu acompanhando o fortalecimento da moeda em relação aos principais pares mundiais e ao movimento de alta das taxas de juros norte-americanos. Já o euro seguiu abaixo da paridade com o dólar, com as preocupações na atividade econômica e inflação.
Curva de Juros
A curva de juros recuou com deflação do IGP-M em agosto (-0,70%) e mais um anúncio de queda do preço dos combustíveis anunciado pela Petrobras. Contribuiu também o resultado primário do governo de julho, apresentando números mais fortes do que o esperado. No entanto, a queda dos juros futuros mais longos foi limitada pelas dúvidas na sustentabilidade fiscal em 2023 com o próximo presidente.
O petróleo recuou com a expectativa do acordo nuclear com o Irã, apesar da OPEP ter anunciado corte na produção devido a previsão de demanda mais fraca.
Leia também: Discurso de Powell sobre os juros nos EUA gera queda nas bolsas internacionais
Perspectivas para a semana
O feriado na segunda-feira nos EUA (dia do trabalho) e na quarta-feira (comemoração da Independência no Brasil), tende a reduzir o giro do Ibovespa. Os dois principais eventos são as falas de Powell e Lagard, ambos ocorrem no dia 08/09.
Os focos ficam também na reunião da OPEP (05/09), dados de atividade econômica nos EUA ao longo da semana e novas falas do FED sobre juros e inflação nos EUA.
Na Europa, a decisão de juros (08/09), com os agentes esperando alta de 50pts e os dados do PIB do 2T22 (07/09). Além disso, as bolsas iniciaram a semana em queda, com o agravamento da crise energética. O futuro do gás natural subiu 30% após a Rússia suspender o fornecimento de gás à Europa por tempo indeterminado.
A expectativa é que se normalize até o fim de semana, mas há suspeitas de que a medida tenha sido uma resposta do governo russo às propostas de teto de preços do petróleo advindo do país.
Por fim, na China, os investidores esperam a balança comercial (07/09) e desaceleração na inflação de agosto (08/09), dado a atividade econômica mais fraca com lockdowns e riscos no mercado imobiliário.
No relatório Focus divulgado hoje, tivemos as seguintes alterações:
Na agenda da semana, o destaque internacional serão as discussões sobre política monetária, com a decisão de juros do Banco Central Europeu, discursos de dirigentes do FED e a publicação do Livro Bege. Também teremos dados de setor externo e atividade na China.
O mercado local segue atento à divulgação do IPCA de agosto, com expectativa de mais uma deflação de -0,39%. Também será divulgada a produção de veículos do mês de agosto.
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