Por Paulo Cunha 08 de março 2022
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Confira o resumo do mercado financeiro em fevereiro de 2022

No início de fevereiro, quando a invasão à Ucrânia ainda era encarada como uma possibilidade remota pelo mundo ocidental, já existiam extensas preocupações com a inflação global, devido ao desarranjo no setor produtivo, em decorrência das paradas provocadas pela pandemia e os fortes estímulos promovidos pelos Banco Centrais para conter a alta dos preços.

Já próximo do final do mês de fevereiro, o início da guerra e as imagens dos conflitos nos noticiários fizeram com que a dimensão do seu impacto fosse sentida já no fechamento do mês, no entanto, deve reverberar com mais intensidade ao longo do ano.

Até o momento, por estar longe do conflito e ser um país reconhecidamente exportador de commodities, a bolsa brasileira performou melhor que as estrangeiras. O Ibovespa encerrou com alta de 0,89%, enquanto o S&P 500 principal doa EUA caiu 3,14%.

O dólar também comprovaria essa tese, uma vez que caiu mais de 4%, evidenciando o forte ingresso de recursos que chegaram no Brasil.

Como essa conjuntura afeta a renda fixa?

Um dos primeiros sinais sentidos é a alta dos juros futuros, uma vez que em um ambiente de inflação mais alta o Banco Central deverá impor uma política monetária mais restritiva.

Trazendo os números, os contratos de DI com vencimento em janeiro de 2029 subiram de 11% para 12% ao ano, e tudo indica que esse movimento não deve parar.

Isso teve impacto direto nas taxas pré-fixadas oferecidas por CDBs e debêntures, apresentando boas oportunidades.

Também mostra que a taxa Selic pode superar a casa dos 12% ao longo de 2022, sendo assim as aplicações pós-fixadas devem continuar por um bom tempo com retornos bem próximos a 1% ao mês.

Por último, investimentos indexados ao IPCA obtiveram retornos acima de 1% ao mês na sua maioria (quando marcados na curva), capturando assim a inflação mais alta, com o IPCA rodando a taxas anualizadas próximos a 9%.

O que devo fazer com meus investimentos em ações?

Apesar do ambiente ter se tornado muito mais incerto e com uma forte aversão ao risco, não é recomendado desmontar posições ou vender todos os papéis no calor do momento. Historicamente este tipo de atitude sempre penalizou os investidores e o mercado tende a se recuperar ao longo do tempo.


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Além do mais, o Brasil pode ser beneficiado por alguns fatores, como preços mais altos dos produtos que exporta como: minério, petróleo, soja e milho. Ser uma alternativa de investimento dentre os “emergentes”, uma vez a Rússia sendo cancelada no mercado financeiro, Turquia estando próxima e China sendo sempre obscura, sobraria o Brasil como opção mais atraente.

Para expor em números, a Rússia tinha uma participação de 1,45% no ETF de Mercados Emergentes (EEM), enquanto o Brasil detém 4,94%, segundo dados da Bloomberg. Portanto, parte dessa participação da Rússia deve migrar para o Brasil, que já recebeu R$62 bilhões de fluxo estrangeiro em 2022, sendo este valor mais da metade do que o país recebeu durante 2021 inteiro. Essa é a tese defendida pelo Fernando Ferreira, estrategista chefe da XP Investimentos.

Ainda assim, mesmo o Brasil estando em uma posição mais favorável a aversão ao risco deve contaminar a nossa performance em muitos momentos e a volatilidade tende se intensificar enquanto perdurar o conflito e as eleições se aproximarem.

Já quanto ao mercado de ações global, o ambiente deve ser mais desafiador. Primeiro porque no geral os índices do mundo desenvolvido entregaram excelentes resultados nos últimos três anos e é natural um ajuste técnico.


Segundo porque preços mais altos de commodities historicamente tendem a prejudicar o crescimento dos EUA que é um consumidor ávido destes produtos. Do outro lado do oceano ainda temos a Europa, que é diretamente afetada pelo conflito e pelo aumento dos preços de energia a qual é dependente. O índice de referência Euro Stoxx 50, caiu 6% em fevereiro e já acumula uma queda maior que 10% neste início de março.

Leia também: Vale investir em ações?

O que não devemos deixar de levar em conta?

Sempre em um cenário mais caótico e desafiador é importante preservar e reforçar o caixa, ou seja, investimentos indexados a taxa de juros SELIC ou CDI e com liquidez rápida e segura.

Dentro desse leque também estão os Títulos Públicos Federais (Tesouro SELIC) ou CDBs de bancos com liquidez diária, pagando mais do que 100% do CDI devem manter uma rentabilidade interessante nos próximos meses além de poderem ser usados para as oportunidades que aparecerão.

Para investidores mais arrojados também pode fazer sentido observar o movimento do ouro, que é uma reserva de valor e tende a capturar bem momentos de inflação e aversão ao risco.

Abaixo, o mapa mostra os principais riscos para manter no radar:

Fonte: Research XP Investimentos

Abaixo, confira os principais indicadores do mercado financeiro em fevereiro de 2022.

? CDI: +0,75%

? Poupança: 0,50%

? IPCA-15: 0,80%

? Ibovespa: +0,89%

? S&P 500: -3,14%

? Nasdaq:0-3,43%

? Ouro: +5,89%

? Bitcoin:+12,10%

? Dólar: -4,07%

? IHFA: +1,07%

? IFIX: -1,29%

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