Por Paulo Cunha 22 de dezembro 2022
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Descubra o comportamento dos principais indicadores e as ações que se destacaram no mercado financeiro 2022

O final do ano chegou e com ele vem a época de rever o que aconteceu no ano que passou e traçar planos para o que vem por aí. Para os investidores, olhar para trás em 2022 é a chave para saber o que esperar em 2023. 

Afinal, o que ocorreu nesses últimos doze meses pode ser decisivo para o futuro. Quer saber quais foram os principais fatos do mercado financeiro de 2022? Vem ver nossa retrospectiva!

No início de 2022, a expectativa era de que o mercado financeiro deveria performar de forma moderada.

Por um lado, a retomada gradual das atividades em todo o mundo estruturou um cenário positivo, por outro, seria preciso lidar com um cenário de inflação e Selic altas, assim como, a expectativa de forte polarização na campanha para eleições presidenciais.

Diante disso, o cenário econômico brasileiro sofreu grandes desafios em 2022, o que se refletiu imediatamente nos principais indicadores do mercado.

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Ibovespa

O principal índice da Bolsa de Valores brasileira apresentou uma grande variação durante o ano, mostrando que o risco dos investimentos ainda é muito presente. 

No início do ano, a expectativa era de que o Ibovespa batesse 130 mil pontos, mas o pico máximo se deu na casa dos 122 mil pontos, em abril. No menor fechamento, o índice caiu para 96 mil pontos, em julho. 

No final do ano, o Ibovespa seguiu em viés de baixa e, faltando duas semanas para acabar o ano, era negociado na casa dos 102 mil pontos.

Diante dos altos e baixos, analistas do mercado acreditam que o Ibovespa deve se manter em queda até a chegada de 2023.

IPCA

A cada mês, o IBGE realiza a medição do IPCA (Índice de Preços para o Consumidor Amplo) para calcular as variações dos preços no comércio. Sendo assim, esse índice é o responsável por calcular o nível oficial de inflação ou deflação no Brasil.

Durante o ano, o IPCA acumulou um aumento de 5,13%. Já se for considerado um período de 12 meses ( a contar de novembro de 2021), a inflação foi de 5,90%. Nesse contexto, o IPCA não fugiu muito do que era esperado pelo mercado no início do ano. De acordo com o Boletim Focus divulgado no início de janeiro de 2022, a projeção era de um IPCA em 5,03%.

Entre julho e setembro, a economia brasileira presenciou algo inédito: por três meses seguidos foi registrado deflação. Nesse período, o IPCA acumulou uma queda de 1,33%.

A alteração de ICMS foi a grande influência para a queda nos preços, já que reduziu a taxa sobre combustíveis como gasolina, etanol, diesel, gás de cozinha e luz. 

Além disso, a queda dos preços dos combustíveis no 3º trimestre de 2022, realizada pela Petrobras, também contribuiu para a maior deflação na história.

Confira abaixo os índices de IPCA registrado em cada um dos meses de 2022:

Mês%
Janeiro0,54%
Fevereiro1,01%
Março1,62%
Abril1,06%
Maio 0,47%
Junho 0,67%
Julho-0,68%
Agosto-0,36%
Setembro-0,29%
Outubro0,59%
Novembro0,41%
Dezembronão divulgado

No Boletim Focus, divulgado em 09 de dezembro, o mercado espera que o IPCA feche o ano em 5,79%, frente aos 5,92% previstos na semana anterior. A meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), neste ano, é de 3,5% e será considerada cumprida se oscilar entre 2% e 5%.

Leia também: Conheça os melhores títulos de renda fixa para 2023 

Dólar

O dólar entrou em 2022 cotado na casa dos R$5,70 mas com expectativa de quedas ao longo do ano. O mercado acreditava que a manutenção da Selic em alta atrelada a um aumento na exportação de commodities pudessem favorecer o câmbio com a entrada de mais dólares.

De acordo com o gráfico abaixo, as projeções se confirmaram até o final de abril, quando o dólar fechou abaixo de R$4,70 pela primeira vez em dois anos. 

Logo após, a moeda norte-americana reverteu a tendência e seguiu em viés de alta. Na retrospectiva do dólar, vale ainda relembrar o dia em que o dólar superou o euro depois de 20 anos. 

No pregão de 22 de agosto, enquanto o dólar fechou cotado a R$ 5,167 o euro, por sua vez, encerrou a sessão cotado a R$ 5,138. Desde 2002, ano da criação do euro, a moeda não ficava abaixo do dólar.

Entre as causas desta queda, citam-se: a determinação do Fed de elevar as taxas de juros para conter a inflação nos EUA; o crescimento dos preços de energia na Europa; e o temor de um corte no abastecimento de gás russo no Velho Continente.

O que aconteceu ao longo do ano que mexeu com o mercado?

O mercado financeiro passou por grandes desafios durante 2022. As eleições presidenciais, mudanças na economia dos Estados Unidos, dados econômicos e outros fatores influenciaram diretamente as ações, os preços dos ativos financeiros e a taxa de juros do Brasil. 

Queda das bolsas norte-americanas

Durante todo o ano, os investidores estiveram atentos às notícias sobre a economia dos EUA e à evolução das bolsas internacionais.

Em um cenário de inflação alta, o  FED (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos) lançou mão da clássica estratégia de aumento nos juros para conter o aumento generalizado nos preços. 

O ciclo de alta começou em março quando o intervalo era de 2,25% a 2,5% ao ano para a faixa atual de 3,75% a 4,00%.

O Fed assumiu publicamente o compromisso de deter a inflação, ainda que isso signifique o aumento do índice de desemprego. Por conta disso, o mercado de renda variável nos Estados Unidos foi muito impactado.

Em setembro de 2022, por exemplo, as bolsas americanas caíram até os piores níveis desde 2020. O Dow Jones desabou cerca de 600 pontos (1,8%), enquanto o S&P 500 e o Nasdaq Composite caíram praticamente 2%. 

Guerra na Ucrânia

Desde fevereiro de 2022, a guerra na Ucrânia tem se estendido, tendo reflexos não apenas sobre a Ucrânia e a Rússia, mas também sobre a economia brasileira. 

Como consequência, os preços de alguns produtos, como o petróleo, gás de cozinha e combustíveis aumentaram drasticamente. 

O petróleo do tipo Brent, por exemplo, chegou ao seu preço mais alto desde 2014, ultrapassando a marca dos US$ 110.

Alta na Selic

O ano começou com uma Selic alta, devido à incerteza econômica gerada pelo contexto inflacionário. Diante disso, a taxa básica de juros da economia saltou de 9,25% em janeiro para 13,75% ao final de dezembro. 

Nesse cenário de alta, muitos investidores optaram por migrar para a renda fixa. A rentabilidade dos títulos públicos federais (Tesouro Direto) superou a inflação medida pelo IPCA, o que fez com que esse tipo de investimento se tornasse uma boa opção para quem quer preservar o valor do dinheiro.

Eleição presidencial

O ano de 2022 ficará marcado na história brasileira como o ano da eleição presidencial mais polarizada de todos os tempos. 

A disputa acirrada entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL) causou um grande impacto na economia nacional, especialmente no mercado financeiro e na Bolsa de Valores brasileira.

Desde o início das eleições, muitas ações do Ibovespa reagiram às notícias relacionadas à corrida presidencial. O que demonstrou o quão impactante pode ser o resultado de uma eleição para o mercado financeiro. 

Durante a disputa, muitas vezes a bolsa de valores teve quedas significativas, enquanto outras vezes apresentou fortes altas, todas elas relacionadas às informações disponíveis sobre as eleições.

Quando o resultado do primeiro turno foi anunciado, o Ibovespa subiu 5,54% no primeiro dia pós-eleição Já no primeiro dia de mercado após as eleições do segundo turno, o Índice avançou 1,31%.

Quais foram as maiores surpresas, dias de maiores quedas e volatilidade?

O aumento dos juros e das incertezas econômicas no contexto nacional e internacional fez com que muitas pessoas migrassem para produtos da renda fixa, como títulos públicos e fundos de investimento. 

Com isso, houve um grande derretimento na Bolsa de Valores, impactando negativamente o mercado financeiro.

O Ibovespa experimentou uma forte queda logo no início do ano, com o índice despencando 2,42% no dia 5 de janeiro. No entanto, no acumulado para o primeiro semestre de 2022, o índice fechou positivo em quase 7%.

No segundo semestre, em meio a uma disputa acirrada entre os candidatos nas eleições presidenciais, o Ibovespa reverteu a tendência. Os investidores passaram a ter uma visão mais pessimista sobre o mercado financeiro.

Desse modo, a influência das eleições presidenciais foi muito sentida pelo mercado no segundo semestre. A forte volatilidade nos preços de alguns ativos esteve presente diante das expectativas dos investidores sobre quem ganharia a disputa e como seriam as reformas econômicas. 

Com a vitória de Lula e a PEC da transição, o Ibovespa registrou a maior queda no dia 10 de novembro após o discurso do presidente recém-eleito. No dia, Lula criticou as pressões por responsabilidade fiscal, dizendo que “os mesmo que discutem com seriedade o teto de gastos não discutem a questão social deste país”. 

Frente a esse discurso, o mercado entendeu que o governo pretende gastar muito e o reflexo na Bolsa foi imediato. O Ibovespa caiu 3,35%, maior queda do ano. Na mínima, o índice caiu 4,46%, aos 108.516 pontos.

A Bolsa de Valores brasileira encerrou o ano com um saldo negativo de quase 14%. 

Quais setores, empresas e ações foram piores?

O setor de varejo foi um dos mais impactados diante de uma Selic a 13,75%. Isso foi ainda pior no segmento de ecommerce, que foi o destaque negativo na temporada de resultados. O encarecimento do crédito e o aumento da inadimplência, foi refletido de forma direta nos resultados financeiros empresariais. 

Nesse contexto, algumas das empresas mais prejudicadas foram aquelas que dependiam da capacidade de endividamento da população, pois as taxas de inadimplência cresceram drasticamente. 

Entre as empresas com os piores desempenhos estão Americanas, com queda de 76%, Alpargatas,negativa em 63%, e Via, com desempenho negativo de 63%.

No entanto, a ação com a maior queda registrada no ano foi a da resseguradora IRB Brasil.  Em 2022, a IRBR3 teve uma desvalorização superior a 80% em meio a problemas contábeis e de transparência na empresa.

Outros ativos que compõem a lista de ações com as maiores quedas em 2022 são:

  • Qualicorp
  • CVC
  • BRF
  • Petz 
  • Meliuz
  • Marfrig

Quais setores, empresas e ações foram melhores?

Por outro lado, alguns segmentos conseguiram resultados expressivos, com destaque para especial para petrolíferas. De acordo com relatório da XP Investimentos, o setor vive um bull market de alguns anos, em sua essência causado por anos de subinvestimento no segmento.

Nesse contexto, a corretora acredita que mesmo após o recente movimento de correção, a queda é transitória, de modo que o preço dos ativos deve seguir em viés de alta no longo prazo. As ações do segmento com as maiores altas do Ibovespa foram a Petrobras e a PetroRio. 

Outra empresa que deixou os investidores felizes foi a Cielo. A ação que mais subiu no Ibovespa em 2022, chegou a valorizar mais de 110%.

Além disso, compõem o ranking das ações que mais subiram na Bolsa este ano as seguintes:

  • Hypera
  • Assaí
  • BB seguridade

Cabe relembrar ainda que, no caso da Petrobras, os investidores da companhia também foram agraciados com um alto pagamento de dividendos, que bateu o recorde de 214,56 bilhões. 

A segunda maior pagadora de dividendos foi a Vale, com R$ 34,27 bilhões, seguido por Banco do Brasil com R$ 11,51 bilhões, Ambev com R$ 9,9 bilhões e Santander com R$ 8,75 bilhões.

Diante dos fatos, podemos concluir que 2022 foi um ano desafiador para o mercado financeiro, com momentos de altos e baixos. 

As incertezas na economia mundial levaram à volatilidade nos mercados, o que afetou negativamente muitas empresas. No entanto, também houve alguns destaques positivos. 

Apesar dos desafios enfrentados, as perspectivas para o futuro seguem orientadas para o crescimento dos mercados financeiros nos próximos anos.

Performance de fundos em 2022

O ano de 2022 foi bem desafiador para a indústria de fundos principalmente para fundos de ações e multimercados que tomaram bastante saques ao longo do ano.

Contudo, os fundos multimercados tiveram uma rentabilidade acima do CDI. O índice de hedge funds (IHFA), que toma como base os fundos multimercados subiu 13,21% a.a (base até 14/12), vs o CDI acumulado no mesmo período de 11,12% a.a. 

Dentre os destaques de classes de multimercados, os fundos de macro se destacaram com +12,49% a.a (base 14/12), se beneficiando das posições em moedas, juros e inflação.

Por outro lado, os fundos de ações tiveram performance abaixo do Ibovespa (+7,31%), com os direcionais Long Only em +2,17% (base 14/12) e long bias que protegem parte da carteira em +5,78% (base 14/12).  

Os fundos de renda fixa pós fixados por sua vez, tiveram performance muito boa, com a média do mercado em crédito privado subindo 13,39% (high yield – emissores de maior risco) e +12,47% (high grade – emissores de menor risco), contra um CDI acumulado no ano até dia 14/12 em +11,12%. Mostrando que uma composição de renda fixa com créditos privados, traz melhora na rentabilidade do que se somente ficar em CDI. 

Finalmente, os fundos de inflação, performaram mal devido à marcação a mercado desses fundos à alta dos juros futuros e a deflação de 3 meses ocorrida entre Ago/22 – Out/22. O fundo IMAB (inflação curta) subiu +6,58% e os fundos IMAB5+ (inflação longa) tiveram alta de apenas 4,54%.

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