Mercado brasileiro continua focado no cenário fiscal do próximo governo

Com feriado de Ação de Graças nos EUA e jogo do Brasil na Copa do Mundo, semana terá liquidez diminuída

Os dados divulgados de inflação ao produtor nos Estados Unidos na última semana subiram abaixo da expectativa no mês de outubro, sendo de +0,2%, ante o esperado de +0,4%. 

Porém, as vendas no varejo subiram +1,2% em outubro, dentro do esperado pelo mercado. O resultado das eleições para o Senado norte-americano permaneceu com maioria dos democratas, enquanto a Câmara ainda está indefinida.

Na Europa, a inflação no Reino Unido continuou com força em outubro, em +11,1% nos últimos 12 meses, maior nível em 41 anos e mantendo pressão sobre o Banco Central na condução dos juros.

O governo chinês pretende dar novos estímulos para a economia, após os dados de produção industrial e vendas no varejo em outubro se mostrarem abaixo do esperado no período.

Cenário Local

O Ibovespa apresentou uma nova baixa pressionada pela PEC de transição no Congresso Nacional, a indecisão de equipe econômica permanece e declarações do presidente eleito Lula sobre o teto de gastos.

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No radar corporativo, em semana majoritariamente negativa para os setores, os ativos financeiros acabaram se beneficiando do aumento da curva de juros e expectativa maior de estabilização de juros altos ao longo do próximo ano.

O movimento positivo para os grandes bancos acabou refletindo certo alívio após membros da equipe de transição sinalizarem que o novo governo adotará medidas para compensar os gastos públicos nos próximos anos.

O destaque positivo da B3 na última semana é a ação do Bradesco (BBDC4). Após enfrentar uma queda vertiginosa de 20%, analistas do JP Morgan recomendaram a compra da ação por se tratar de um bom ponto de entrada. A recomendação ocasionou uma alta de 3,04% na última semana. 

Na ponta oposta, as ações expostas ao varejo e frigoríficos voltam a figurar entre os principais destaques negativos ao longo dos últimos dias. Para o destaque negativo da semana temos a ação da Marfrig (MRFG3) com uma queda de cerca de 15%. O setor de frigoríficos foi afetado durante a semana por conta da incerteza com relação às políticas fiscais no país e ao cenário cada vez mais preocupante no exterior.

Impactadas diretamente pelo cenário macro, os ativos expostos ao consumo refletem a piora no sentimento embaladas pelo aumento na curva de juros futuros, juntamente com o mau humor do mercado internacional após recentes falas de dirigentes do Federal Reserve sobre a continuidade da alta de juros nos Estados Unidos de maneira incisiva.

Por sua vez, os frigoríficos seguem penalizados após divulgação dos dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) sinalizar que as exportações brasileiras de carne bovina recuaram 13% e os preços caíram 9% em novembro na comparação com a média de outubro.

Commodities e Câmbio

As notícias de novos estímulos econômicos na economia chinesa impulsionaram as commodities na última semana.

O real passou por uma semana pressionada pelas incertezas fiscais do próximo governo e o risco do país atingir níveis vistos em 2020 com o retorno de medidas de restrição em decorrência do novo coronavírus.

Curva de Juros

A curva de juros abriu com os juros mais curtos atingindo acima dos 14%, devido aos temores de descontrole de gastos no próximo governo, sustentabilidade da dívida e a indefinição da equipe econômica. 

Renda Fixa

As taxas de renda fixa subiram mais uma vez com abertura de curva de juros, NTNBs e inflação implícita. O estresse ocorrido no mercado financeiro durante a semana fez com que as taxas pré-fixadas mais longas atingissem 16% e as NTN-B longas IPCA+6%.

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Perspectivas para a semana

O foco da semana no mercado brasileiro ainda será a PEC de transição e a equipe econômica do próximo governo. A semana tende a ter uma liquidez diminuída com feriado mais importante nos EUA (24/11), dia de ação de graças, e o jogo do Brasil contra a Sérvia na Copa do Mundo (24/11).

Internacionalmente, a ata e as falas de dirigentes do FED serão o centro das atenções, com os agentes atentos às perspectivas de inflação que serão apresentadas. 

Na zona do euro, os investidores acompanharão os índices de atividades. Por fim, a China vem novamente ampliando os lockdowns com o aumento significativo de novos casos no país, impactando no preço de commodities.

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