O que pensa o gestor que está por trás de R$1 bilhão?
Felipe Dexheimer, head de alocação da XP, explica como o ano de 2020 foi desafiador para o mercado financeiro e no que ficar de olho para 2022
Diante de um cenário volátil e com instabilidade econômica no país, dúvidas surgem por parte dos investidores, como: quais investimentos escolher e o que esperar daqui pra frente?
Para responder essas perguntas, conversamos com Felipe Dexheimer, head de alocação da XP, que está à frente dos fundos DNA – uma família de fundos que vai do perfil conservador ao agressivo e que tem por objetivo fazer uma diversificação que, antigamente, era possível apenas para quem tinha um patrimônio alto.
Abaixo, confira as respostas do gestor que está por trás de R$1 bilhão em valores sob gestão.
Qual é a projeção, em anos, para a escolha dos ativos dos fundos?
O processo de escolha dos ativos dos fundos é sempre feito levando em consideração uma projeção para os próximos cinco anos. Além disso, mensalmente é realizado um processo que passa pela análise dos possíveis cenários para o Brasil e o mundo como um todo, simultaneamente, analisamos as classes de ativos como: renda fixa, ações e moedas.
Depois dessa etapa, é feita a projeção dos retornos esperados desses ativos e medidas as suas fronteiras de eficiência.
Mas, afinal, o que são fronteiras de eficiência?
A teoria da fronteira de eficiência vem do economista americano Harry Markowitz, que ganhou um prêmio Nobel por trabalhos na área de seleção de portfólio.
Segundo ele, o risco de uma carteira não é dado pela média de risco de cada um dos ativos, mas sim pela diversificação como um todo. Digamos que determinado gestor escolha as ações da Petrobrás, Vale, Ambev e Gerdau, por exemplo. A fronteira de eficiência fará inúmeros cálculos pra determinar qual o percentual de cada um destes ativos que a carteira deve ter, para então maximizar seu retorno, considerando o nível de risco estabelecido pelo gestor.
Desta forma não importa muito o comportamento de um ativo isoladamente, mas sim qual o comportamento da carteira como um todo. A fronteira de eficiência é extremamente importante para a análise de risco x retorno de um portfólio.
Quais foram os maiores desafios de 2020?
No ano passado tivemos o cenário mais desafiador de prever. Em 2020, quando fomos projetar como seria 2021, dependíamos de diversas variáveis que iam além do campo financeiro, uma delas era a velocidade da vacinação pelo mundo, por exemplo. Outro fator importante era se as reformas no Brasil iriam ocorrer.
Diante desse ambiente instável, foi necessário traçar uma estratégia, levando em consideração cenários positivos e negativos para o país e para o mundo. A escolha da gestora dos fundos DNA, da XP, foi aumentar a exposição ao exterior, em bolsas, dólar e ouro, por exemplo.
Essa decisão se mostrou assertiva, uma vez que houve melhora do cenário mundial e por outro lado a piora no Brasil, como o aumento brusco da inflação e da taxa de juros.
Quais os pontos de atenção que o investidor deve ficar de olho daqui para a frente?
No campo global é imprescindível estar atento à transição energética. A energia limpa e renovável possui um enorme espaço para crescimento, dado a importância que as questões climáticas estão tomando no mundo todo.
A inflação mundial e o aperto monetário nos Estados Unidos, que pode elevar os juros por lá a qualquer momento, também são fatores que devem ser levados em consideração.
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E no Brasil, no que o investidor deve estar atento?
O investidor deve se atentar a três temas: reformas, altas dos juros e eleições de 2022.
Atualmente, toda decisão de investimento da gestora dos fundos DNA leva em consideração as questões destacadas acima, tanto no âmbito nacional como no global.
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Com as recentes quedas na B3, é um bom momento para comprar ações?
Estamos atravessando um momento peculiar, porque o lucro das empresas deve ser menor, afinal, com o aumento da taxa de juros, boa parte dos lucros das empresas será usado para pagar os empréstimos que contrataram.
Por outro lado, o preço das ações também caiu muito, tornando a bolsa brasileira muito atrativa, mesmo que o lucro das empresas possa ser menor.
Para efeito de comparação com a bolsa americana, lá o preço das ações subiu muito, porém, não necessariamente ficou cara, pois os lucros das empresas também aumentaram.
*Felipe Dexheimer, head de alocação da XP, contribuiu para este conteúdo.
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