Brasil pode virar Venezuela: 5 razões que mostram que isso não irá acontecer
Entenda as divergências entre as economias do Brasil e de países como Argentina e Venezuela
A má gestão financeira e organizacional tem sido um problema dos governos argentinos ao longo dos últimos anos. Na Venezuela, a situação política de imposição, colocada por Nicolás Maduro, levou o país a uma instabilidade social e econômica que atingiram patamares colapsáveis.
A situação econômica dos países vizinhos tem alimentado medos e incertezas no mercado financeiro brasileiro. O governo do petista possui bases que se aproximam dos ideais governamentais das atuais gestões de Argentina e Venezuela, o que tem gerado dúvidas no panorama político econômico local.
No entanto, o Brasil possui diversos pontos divergentes em relação às políticas econômicas adotadas por esses países, até mesmo o modelo de gestão governamental segue uma linha diferente.
Confira abaixo cinco razões que levam o Brasil a não ter o mesmo destino de países como Argentina e Venezuela.
- 1 – Boa reserva em dólar
O Brasil é um credor líquido internacional, isso significa que possui mais reservas do que dívida em dólar. Atualmente possui aproximadamente R$330 bilhões de reservas contra R$30 bilhões de dívida, que representam apenas 3% da dívida total do Brasil, que é majoritariamente interna, ou seja, em reais.
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Portanto, diferentemente das décadas de 80 e 90 quando o país era um devedor líquido, hoje quando acontece alguma disparada do dólar por qualquer motivo este colchão de proteção se “valoriza” em reais e evita que este movimento perdure de forma muito intensa e por tempo prolongado.
Por outro lado, tanto a Argentina quanto a Venezuela são devedores líquidos, possuindo mais dívidas do que reservas internacionais. Por este motivo, quando existe alta do dólar na economia a dívida aumenta, o risco se potencializa e isso acarreta mais fuga de moeda e novamente em maior alta do dólar, causando uma espiral inflacionária e fuga massiva de capital.
As reservas internacionais robustas permitem que Banco Central do Brasil utilize-a para amortecer choques na moeda Brasileira e proteger também o real de posições grandes especulativas, podendo liberar ou enxugar a liquidez e normalizando o mercado de câmbio.
- 2 – Forte exportador de commodities
O Brasil é um grande exportador de matérias primas para todo o mundo e por este motivo costuma ter saldo positivo na balança comercial (diferença entre exportações e importações), acarretando aumento de reservas em dólar internacionais e dando alguma margem de segurança de que estas reservas devem se manter positivas. De janeiro a novembro de 2022, a economia exportou 298 bilhões de dólares e importou 243 bilhões USD, resultando em um saldo de mais de 55 bilhões USD.
- 3 – Banco Central independente
Recentemente o Banco Central brasileiro ganhou status de “independente”, isso significa que o seu presidente possui um mandato fixo de 4 anos e que o Governante de plantão não pode demiti-lo durante este período. Isso dá algum conforto para que a instituição possa aplicar políticas de ajuste monetário (aumento de juros), caso a inflação comece a dar sinais de escapar da meta.
Na Turquia, em 2021 o presidente Erdogan demitiu o presidente do Banco Central, Naci Agbal, dois dias depois de realizar um aumento da taxa de juros do país. A demissão “não esperada” custou ao país um derretimento de 15% da moeda apenas no dia do evento.
- 4 – Democracia mais amadurecida e com poder equilibrado
Apesar de todas as críticas que podemos fazer à nossa democracia, o fato é que ela ainda assim possui um certo equilíbrio de forças e arcabouço institucional. É sabido que todo presidente quando assume precisa realizar acordos com congressistas para ter alguma governabilidade.
Podemos até fazer críticas quanto ao fisiologismo dos nossos parlamentares e até mesmo aventar que isso ocasiona corrupção, no entanto, isso também ajuda a evitar excessos do presidente e impedir qualquer tipo de atitude mais radical originadas pelo executivo.
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O Brasil, diferentemente da Argentina e Venezuela, possui instituições sólidas, com o poder judiciário e legislativo podendo barrar medidas extremas do executivo. Ademais, a democracia no Brasil permite que o povo se manifeste nas ruas.
- 5 – Economia diversificada
O petróleo é responsável por um terço do PIB e por cerca de 80% das receitas de exportação da Venezuela. O que torna o país extremamente dependente de preços favoráveis desta matéria prima no mercado internacional.
Já o Brasil possui um grande leque de matérias primas, sendo a soja a principal e representando “apenas” 14% do volume total, seguido por várias outras como minério de ferro, petróleo bruto, açúcar e carne bovina. Este portfólio diversificado ajuda o país a não ficar tão exposto a uma crise ocasionada por baixos preços de uma determinada commodity assim como ocorre com a Venezuela.
Além disso, o Brasil está entre as dez principais economias mundiais, possui um imenso e vasto mercado interno com mais de 200 milhões de consumidores e possui a principal metrópole e centro financeiro da América Latina, a Grande São Paulo com grande oferta de serviços, comércio, indústria, estrutura hospitalar e de pesquisa.
O PIB do Brasil também mostra a força do consumo interno e principalmente no setor de serviços que representa 60% do PIB, evidenciando que o brasileiro possui de certa forma renda para o consumo, diferentemente da Argentina e Venezuela onde a perda de renda é enorme.
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