Americanas registra queda de 70% em meio a alta do Ibovespa
FED mantém preocupação com a inflação; Magalu (MGLU3) se valoriza perante queda da Americanas (AMER3)
Na última semana, o discurso de Powell novamente foi sem surpresas, trazendo um Federal Reserve (FED) ainda preocupado com a inflação nos EUA. Além disso, as bolsas subiram com a inflação norte-americana apresentando deflação (-0,1%) em dezembro, acumulando +6,5% em 2022.
Na Europa, a taxa de desemprego encerrou novembro de 2022 em 6,5%, mantendo estabilidade em relação a outubro. No Brasil, o Ibovespa terminou a semana com ganhos apesar da volatilidade e sob efeito Americanas nas varejistas e bancos que poderiam estar expostos à empresa.
Dentro disso, as medidas fiscais anunciadas pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foram consideradas boas no papel, no entanto, há muitas incertezas sobre o processo de concretização.
Cenário Local
O IPCA de dezembro subiu 0,62%, fechando 2022 em 5,79%. No mês, os setores que puxaram o índice foram vestuário, saúde e cuidados pessoais. O gás natural teve reajuste de -11% na semana, com a queda do preço do gás no mercado internacional.
Além disso, as vendas no varejo em novembro recuaram 0,6%,contra -0,3% esperado, pesando as vendas fracas durante o período da Black Friday.
No radar corporativo, o grande destaque foi para Lojas Americanas que, além da renúncia do CEO, Sérgio Rial, reportou inicialmente que teria inconsistências fiscais no montante de R$20 bilhões e, na sexta-feira (13) à noite, reportou que poderiam ser em torno de R$40 bi.
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De acordo com a empresa, o problema estaria caracterizado como “risco-sacado”, financiamentos bancários que deveriam ter sido reportados como dívida. Ainda segundo informações da companhia, a falha acontece há mais sete anos.
O fato trouxe uma insegurança no mercado em geral, em questões de governança corporativa e a confiança nos dados que as empresas divulgam. Muito se especula no momento, e o que a empresa por ora conseguiu foi uma espécie de “congelamento” por 30 dias de execução de dívidas com perspectiva de entrar em Recuperação Judicial após o período.
O impacto na semana passada foi de queda de 69,7% no valor das ações. Nesta segunda (16/01), próximo da abertura, negocia-se com quase 40% de queda, pois o reporte de R$40 bi e a provável recuperação judicial ocorreu após o pregão da última sexta-feira. Os dados ainda são preliminares e espera-se outros mais concretos para que se tenha uma sinalização mais clara sobre o futuro da companhia, que conta com cerca de 35 mil funcionários.
A sensação é, em geral, muito ruim e trás bastante dúvidas ao mercado quanto a solidez dos dados, fragilidade nas auditorias, e por fim, a insegurança de isso não ter sido um erro contábil. Ainda não se tem dados suficientes para estes apontamentos, mas o mercado especula muito diante disso.
Além do impacto direto nas ações da companhia, o mercado avalia outras do mesmo setor, pois Sérgio Rial, chegou a dizer na teleconferência que seria uma “prática do setor”, e ainda avalia-se o impacto nos bancos, que seriam os detentores destas dívidas, os bancos também devem sofrer alguma volatilidade por conta disso. A Americanas (AMER3) apresentou um recuo de -69,74%, cotado a R$3,15.
O destaque positivo da semana ficou por conta da varejista Magazine Luiza (MGLU3), com uma valorização de 24,28%, cotado a R$3,43. Mesmo com diversos questionamentos sofridos em relação à modalidade “risco-sacado”, adotado pela concorrente, a Magalu conseguiu reverter a situação e anotar uma valorização em meio às más notícias.
Fluxo do Investidor Estrangeiro
O ano começou trazendo muitas incertezas, porém, o fluxo do investidor estrangeiro permanece de forte entrada para a bolsa brasileira. No ano de 2022, o montante de R$119,8 bilhões foi a entrada recorde de capital, sendo divulgado pela B3, desde o início da apuração de dados em 2008.
Em 2023, continuamos com o fluxo de entrada e em janeiro, R$2,45 bilhões. Sendo dos últimos 10 pregões, 7 positivos.
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Câmbio e Commodities
O Barril de petróleo, metais e agrícolas subiram com melhora do humor externo e continuidade da abertura das cidades chinesas.
O Real se valorizou perante o dólar, com a cesta de moedas se apreciando frente à moeda norte-americana, após a inflação nos EUA ter mostrado leve deflação em dezembro e recuando dos 10% para 6,5% no acumulado de 2022.
Juros
A curva de juros recuou em todos os vencimentos, acompanhando o alívio da curva dos treasuries nos EUA e as expectativas em torno do plano fiscal do ministro Fernando Haddad.
Renda Fixa
As taxas de renda fixas permaneceram altas, mas recuando um pouco em comparação com a semana anterior. As perspectivas de manutenção da Selic alta em 2023, devido ao risco fiscal, mantiveram as taxas das RF em patamares ainda elevados.
Perspectivas para a semana
A semana terá importantes indicadores macro no exterior, com produção industrial e varejo nos EUA e Europa inflação ao consumidor. Ademais, investidores também acompanharão o fórum econômico mundial em Davos, onde líderes mundiais, empresários e banqueiros centrais mostrarão suas visões econômicas e políticas.
No mercado local, os investidores seguem atentos às notícias da Americanas que contagiaram o setor de varejistas, além de novas notícias no fiscal.
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