Ações do setor do varejo: qual o cenário?
Veja como as ações de varejo do Brasil estão posicionadas atualmente e quais os desafios de cada uma delas
Algumas ações do varejo têm “sofrido” bastante na bolsa de valores desde o início do último ciclo de aperto monetário. Nesse sentido, quando os juros estão mais baixos, ações como Magazine Luiza (MGLU3), Casas Bahia (BHIA3) e outras do setor tendem a ser beneficiadas.
No entanto, os cortes realizados pelo Banco Central não resultaram em uma valorização contínua nos respectivos papéis dessas ações do varejo de forma imediata.
Apesar da queda da Selic, temos visto um aprofundamento na desvalorização dos principais papéis de varejo ligados ao e-commerce. Um exemplo foi a ação do Magazine Luiza, que desvalorizou cerca de 27,06% somente no último mês (setembro/2023). Enquanto isso, a Casas Bahia (BHIA3) desvalorizou 50,85% no mesmo período. Ou seja, são quedas acentuadas que ocorreram mesmo em meio a queda da Selic.
Assim, embora o Banco Central siga cortando juros, isso pode sinalizar que o mercado não esteja enxergando as condições necessárias para que esses cortes se mantenham no futuro. Porém, cada uma dessas empresas tem particularidades próprias que acabaram afetando o desempenho de suas ações.
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O rombo das Americanas (AMER3)
O rombo da Americanas é um evento que pode ter impactado todo o setor das ações do varejo. Inicialmente, a área contábil detectou operações de financiamento de compras no valor aproximado de R$20 bilhões, nas quais a empresa deve dinheiro a diversas instituições financeiras.
Essas operações não foram devidamente registradas no balanço, o que fez parecer que a dívida da companhia era menor do que era. Posteriormente, descobriu-se que a dívida total da empresa ultrapassava os R$50 bilhões. O “escândalo” fez com que as ações da Americanas derretessem na Bolsa, caindo quase 82% em um único pregão (2 de janeiro de 2023).
Dessa forma, o déficit financeiro enfrentado pelas Americanas constituiu um desafio adicional para o cenário varejista em tempos recentes. Esse episódio resultou em uma notável perda de confiança e credibilidade em relação ao setor, que já enfrenta considerável pressão nas margens de lucro, enquanto simultaneamente precisa competir com marcas internacionais como Shein, Amazon, Shopee, Aliexpress e, mais recentemente, com o anúncio da entrada da H&M no mercado brasileiro.
Casas Bahia (BHIA3) e o Follow-on abaixo das expectativas
Desde o pico alcançado em 2020, as ações da Casas Bahia, ex-Via, sofreram uma queda impressionante de 96% (até setembro/2023). Antes disso, o papel foi impulsionado pelo boom do comércio eletrônico durante a pandemia, e a ação chegou a se tornar uma das “queridinhas” entre muitos investidores. Contudo, caiu de forma vertiginosa a partir do ano seguinte (2021).
Essa acentuada retração resultou na perda de aproximadamente R$32 bilhões em capitalização de mercado, de acordo com dados da Bloomberg. Este declínio reflete a volatilidade e as mudanças significativas nas perspectivas dos investidores em relação à empresa ao longo desse período.
O Grupo Casas Bahia, anteriormente denominado Via e agora com o ticker da ação BHIA3, realizou uma oferta primária de ações no último mês, angariando R$622 milhões, um montante inferior aos R$981 milhões inicialmente planejados pela companhia.
Com o aumento do endividamento e prejuízos em ascensão, o Grupo Casas Bahia busca equilibrar suas finanças no mercado, porém, alguns especialistas mantêm um cenário pessimista.
Recentemente, a agência de classificação de risco S&P Global rebaixou a nota de crédito da empresa de brAA- para brA- com perspectiva negativa, citando níveis de alavancagem superiores ao previsto. O relatório da S&P aponta para a existência de “desafios estruturais significativos de médio e longo prazo” no setor varejista, o que afeta as ações do varejo.
Magazine Luiza e a tentativa em diversificar os negócios
Embora assim como as outras ações do Varejo, a Magazine Luiza (MGLU3) também esteja “sofrendo” bastante na Bolsa de Valores, a companhia vem estrategicamente focando suas iniciativas de crescimento digital em diversas frentes, incluindo o varejo alimentar, o delivery de alimentos, o setor de moda e beleza, bem como a oferta de serviços financeiros e publicidade.
Embora as três primeiras áreas possam não gerar lucros substanciais por conta de tíquetes de compra mais baixos, elas desempenham um papel crucial ao impulsionar as vendas e atrair novos vendedores para o seu marketplace.
Além disso, a companhia vem buscando expandir suas atividades no setor financeiro. Recentemente, revelou uma parceria com a BNP Paribas Cardif para o lançamento do Proteção Saúde, um seguro de saúde que proporciona uma cobertura de R$10 mil para diagnósticos de doenças graves, como câncer, AVC e infarto, destinado ao titular do plano.
Por fim, as ações do varejo sofrem com os juros altos e mesmo que os juros caiam, é possível que as varejistas levem um tempo para se recuperar e ainda tenham vários trimestres de efeitos da política de aperto monetário antes de conseguir finalmente se recuperar. Nesse sentido, a Magazine Luiza está um pouco melhor posicionada do que os seus outros dois pares no cenário atual, considerando os fatores internos de cada companhia.
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