Por iHUB 18 de novembro 2022
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Entenda como a conversão de dívidas em ações pode impactar a empresa

As ações da Saraiva vêm sofrendo com uma queda média em seus papéis na ordem 65% nos últimos doze meses, resultado do profundo descontrole de dívidas que a companhia vem encarando. 

Se aumentarmos o horizonte de análise e considerarmos os aumentos de capital realizados até então, pode-se dizer que, entre o preço do seu topo histórico até o momento atual seu preço apresenta uma queda total média de 99,72%.

No sentido de buscar recursos para reverter esse cenário, a Saraiva já realizou e continuará a realizar novas emissões de ações, a fim de captar recursos para driblar este momento ruim e eventualmente reduzir seu endividamento.

Trata-se de uma estratégia comum no mercado para empresas que buscam se capitalizar. Além disso, nessas emissões haverá a possibilidade dos credores converterem seus créditos a receber em ações da Saraiva.

O momento da Saraiva e suas ações

A Saraiva é pioneira e possui tradição no mercado varejista de livros no Brasil, porém, nos últimos anos, vem sofrendo com a elevação de suas dívidas, aumento da concorrência e redução nos lucros, o que acabou impactando no preço das ações da Saraiva (SLED4 e SLED3).

Fundamentalmente há indicadores como Patrimônio Líquido (PL) negativo e a relação entre passivos e ativos (passivos/ativos = 3,67) em níveis bastante alarmantes, indicando que a empresa passa por momentos bastante turbulentos. 

Em termos de negócio, a companhia vem sofrendo bastante com o aumento de circulação de produtos digitais e a expansão de seus competidores, o que acaba pressionando ainda mais as margens da companhia.

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Desde o início de sua recuperação judicial, em 2018, a Saraiva vem reportando valores de Passivo Circulante (dívidas e compromissos exigíveis em até no máximo de 12 meses) em seu Balanço Patrimonial (BP) maiores do que seu Ativo Circulante (bens ou direitos que podem ser convertidos em dinheiro em até 12 meses). Esse mesmo fenômeno é observado quando comparamos historicamente os ativos e os passivos não-circulantes que, desde 2018, também apontam para a mesma direção. Toda essa conjuntura é bastante preocupante, uma vez que essa diferença está diretamente ligada às possibilidades da empresa de dar lucro e consequentemente gerar caixa.

Unidade da Saraiva no Rio de Janeiro (Foto: Eduardo Pazos)

Nesse sentido, diante da dificuldade para a geração de caixa a partir de suas atividades operacionais e como a queda drástica de faturamento, somada ao aumento de seu endividamento, a Saraiva busca alternativas para sua recuperação através da conversão de parte de suas dívidas em participação acionária na empresa como uma forma de tentar se recuperar.

O caminho da companhia

A companhia vem focando na missão de sair do processo de recuperação judicial que, em 2022, já dura quase quatro anos. 

Com empenho, a Saraiva vem realizando venda de ativos como forma de tentar abater seus prejuízos e dívidas, além da emissão de mais cotas de participação acionária (ações) contra seus credores na tentativa de reduzir uma parte de seus passivos.

O último processo de aumento de capital foi deliberado em setembro de 2022, e  totaliza cerca de R$ 35 milhões e 7,8 milhões de novas ações preferenciais e que tem como objetivo converter uma parte de suas dívidas em participações acionárias preferenciais. 

Além disso, alguns analistas pontuam que esse processo de “quitação” via emissão de ações da Saraiva, poderia maquiar o resultado operacional da companhia, dando a entender que ocorreu uma melhora, sendo que não há tal recuperação nos principais indicadores operacionais, de lucro e de geração de caixa da empresa.

Apesar disso, a companhia ao longo do ano de 2022 já anunciou ao mercado que este processo está acontecendo. Em seu último comunicado ao mercado, a Saraiva disse que convocará nova assembleia de acionistas, a fim de promover outro ganho de capital social em termos semelhantes.

Outras formas de driblar o endividamento

Com a queda de receita, acompanhada pela evolução digital e a pandemia, a Saraiva viu crescer o seu endividamento nos últimos anos, uma vez que suas operações ficaram defasadas em relação à sua concorrência no segmento.

Além das formas já citadas para se contornar a recuperação judicial como a venda de ativos e a emissão de novas ações, a companhia precisa tomar decisões estratégicas em suas tomadas de decisão envolvendo toda a sua questão operacional para buscar longevidade de sua operação e efetiva recuperação operacional para geração de lucro e caixa.

Nesse sentido, a companhia já decidiu reduzir o seu mix de produtos – evitando aqueles que necessitavam de maior capital de giro –, a sua despesa operacional e impulsionar as lojas que possuíam um Ebitda maior que 5%. Todos esses procedimentos visam tornar a companhia mais “leve”, sem afetar a sua operação e aguardam os efeitos dessas medidas.

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A conversão de dívidas em participação acionária

A decisão da Saraiva em trabalhar na conversão de dívida em ações como um dos principais instrumentos para a regularização de passivos com seus credores é bem vista pela companhia, mas pode não ser tão bem recebida pelo mercado.

Com isso, contrapõe-se que a empresa está avançando no processo de recuperação judicial ao acertar as contas com credores. Portanto, um passo a mais para a saída da recuperação judicial traz otimismo para os investidores.

O processo de emissão de ações da Saraiva transformará a empresa, fundada há mais de 100 anos pela família Saraiva, em uma companhia que não possui um controlador único definido, ou seja, suas deliberações são votadas na assembleia de acionistas e as diretrizes definidas por meio de votação em maioria simples.

Além disso, atualmente 90% das dívidas trabalhistas da empresa já foram pagas. Nesse sentido, espera-se agora a conclusão da emissão de novas ações da Saraiva, o que permite um ganho de fôlego para a companhia, além da projeção de crescimento para os anos subsequentes.

Todas as informações citadas neste artigo podem ser encontradas no site de Relação com investidores da Saraiva e não se tratam de qualquer tipo de recomendação, opinião ou análise de investimento.

Antes de investir ou de montar uma carteira de investimentos, é importante consultar um especialista e conhecer os riscos de cada operação, além de sua adequação ao perfil do investidor. Preenchendo o formulário abaixo, um assessor da nossa empresa parceira, poderá te ajudar a construir uma carteira ideal para o seu perfil.