Por Paulo Cunha 11 de agosto 2022
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Na disputa pelos melhores dividendos temos no ringue os líderes do varejo bancário brasileiro

Todo empresário sonha em ter um negócio totalmente livre de concorrência, em que é possível definir o quanto cobrar pelo seu produto e ter uma margem de lucro bastante folgada. Conviver com uma alta lucratividade pode pressionar o empresário a buscar a excelência e produtividade do negócio, tudo para não perder sua fatia no mercado. 

Quando falamos do mercado bancário no Brasil é notória essa dinâmica existente entre Itaú e Bradesco. Os dois gigantes privados controlam o varejo bancário brasileiro, junto com: Banco do Brasil, Caixa Econômica e o estrangeiro, Santander. 

Itaú e Bradesco duelam pelo pódio de maior banco privado brasileiro desde os anos 50. Essa briga ajudou ambas as instituições a se fortalecerem ao longo dos anos, concentrando fatias de mercado, adquirindo concorrentes em seus e tornando-se verdadeiros gigantes conglomerados bancários da América do Sul.

Bradesco

Fundado em 1943, inicialmente com o nome “Banco Brasileiro de Descontos”, logo nas décadas seguintes à sua fundação o banco já se tornou um dos maiores bancos do país.

Foto em preto e branco de loja em prédio

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Fonte: Banco Bradesco

Em 1980, o banco formou o grupo Bradesco Seguros que hoje é uma das maiores seguradoras do Brasil. Seu protagonismo no setor financeiro aconteceu muito por  modo orgânico, via M&A (fusões e aquisições). Os casos mais emblemáticos foram a aquisição da Ágora Senior Corretora  em 2008, Odontoprev, em 2009, e parte da operação do HSBC no Brasil, em 2016.

No caso da Ágora Corretora, costuma-se dizer que ela era uma espécie de XP da época, oferecendo um serviço de assessoria e uma gama de produtos.

A cultura de aquisição está presente no Bradesco, incorporando e adquirindo empresas e produtos em sua estrutura. Muitas vezes, o ideal do negócio é totalmente transformado após a incorporação. 

Com seus erros e acertos, o Bradesco ainda é um dos maiores bancos do Brasil, possuindo a maior rede de agências e serviços do setor privado. Praticamente toda cidade brasileira possui uma agência, inclusive agências fluviais, no Amazonas.

Governança e Estratégia de Sustentabildiade | Bradesco Sustentabilidade
Agência Flutuante no Rio Solimões, na Amazônia – Fonte: Banco Bradesco

Detém R$1,7 trilhão em ativos totais, com carteira de crédito ampliada de R$835 bilhões, além de possuir 74,8 milhões de clientes e mais de 89 mil funcionários e atua nos segmentos de pessoas físicas e jurídicas, com empréstimos, banco de investimento, seguros, adquirência etc.

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Itaú

O Itaú, como é conhecido hoje, foi fundado em 1924 com o nome de Casa Moreira Salles e passou por diversos processos de fusão e aquisição com diversas instituições do mercado financeiro. A principal delas aconteceu em 2008 com o banco Unibanco (fundados em 1943 com o nome de Banco Central de Crédito).

Desde o início, tanto o Itaú como o Unibanco foram instituições do mercado que cresceram exponencialmente suas operações, abrindo escritórios em outros países (EUA, Portugal, Argentina etc) e adquirindo concorrentes em diversos segmentos.

As principais empresas adquiridas pelo grupo ao longo da história foram: Banerj, Fininvest, Bandeirantes, Banestado, BBA Creditanstalt AS, Banco Fiat S.A., AGEF Brasil Seguros, entre outras.

A fusão entre Itaú e Unibanco resultou no maior banco brasileiro. Após isso, a estratégia de expansão continuou via M&A, com a aquisição do Citibank, Zup, XP Investimentos, CorpBanca etc. 

Diferente do Bradesco, a cultura do Itaú é de permitir independência das empresas que adquire. No caso da XP Investimentos, por exemplo, os negócios ficaram totalmente apartados e independentes, permitindo inclusive uma feroz concorrência entre ambos. 

No entanto, os órgãos reguladores: CADE e Banco Central, não permitiram a aquisição do controle da XP. Por este motivo os acionistas do Itaú decidiram vender a fatia da XP no mercado, realizando um dos melhores lucros na história do Banco.

Atualmente o Itaú está presente em 18 países. Possui mais de R$2,1 trilhões em ativos, mais de 100 mil funcionários e atua nos segmentos de pessoas físicas e jurídicas com empréstimos, banco de investimento, seguros, adquirência etc.

Logotipo, nome da empresa

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O duelo

Precisamos dizer que os “Bancões”, no Brasil, refletem em termos de rentabilidade operacional, aquilo de melhor que uma empresa pode oferecer: Lucros constantes e subindo, pagamento regular de dividendos e múltiplos; como P/L e V/VPA não muito esticados. Esses papéis não são considerados caros.

No primeiro “round” colocamos em embate o ROE de cada uma dessas empresas. Ao longo dos anos, o Itaú sempre obteve um ROE acima do Bradesco, devido a uma melhor eficiência operacional, melhor controle de custos e menor inadimplência.

Fonte: XP Investimentos

Além disso, o Itaú construiu um know-how líder do setor de gestão de risco de crédito, especialmente para pessoas físicas. Este ponto forte pode ser protagonista nos próximos anos, porque o banco poderá continuar crescendo sua base de crédito mantendo a inadimplência sob controle. 

Por essa razão o Itaú vence o Bradesco nesse primeiro round desse duelo.

No segundo round colocaremos em combate o Dividend Yield dos dois gigantes. O Bradesco possui a maior e mais ampla rede de agências do mercado Brasileiro. Tem muita qualidade nos seus ativos e possui um sólido histórico de entrega de resultados.

Além disso, como seu preço é negociado com um certo “desconto” com relação ao Itaú, seu dividend Yield supera o do Itaú ao longo dos anos.

Fonte: XP Investimentos

Portanto, de acordo com a leitura desse indicador e sua perspectiva em relação aos próximos anos, temos um embate bastante acirrado, com uma vitória apertada para o Banco Bradesco.

Até aqui temos tudo muito equilibrado entre cada um desses gigantes, por isso nesse terceiro e último round iremos comparar as perspectivas de grandes casas de análise sobre cada uma dessas empresas.

Itaú

A XP acredita que ao longo dos anos o Itaú construiu um know-how líder do setor no quesito gestão de risco de crédito, especialmente para pessoas físicas. Este ponto forte pode ser protagonista nos próximos anos, porque o banco poderá continuar crescendo sua base de crédito, mantendo a inadimplência sob controle. 

A combinação entre sólido histórico nas linhas de crédito de crescimento , alta eficiência resultando em retornos líderes no setor e valuation atrativo leva a ter uma visão construtiva para o Itaú nos próximos anos.

Para a casa de análises Levante Corp os números do Itaú publicados em 08/08/2022 demonstram aumento da qualidade e do volume de receitas da empresa revelando perspectivas positivas para os próximos períodos da companhia.

Bradesco

O relatório de 09/08/2022 da casa de análises Benndorf research aponta que apesar dos resultados melhores apresentados no 2T22 (após um desastroso 1T22) ainda sim há alguma tensão sobre a companhia, principalmente no que compete à análise da carteira de crédito. Em seu último balanço, o Bradesco apontou aumento na inadimplência e de despesas com PDD.

A XP research aponta em sua análise que há perspectivas ainda positivas neste papel, mas com upside limitado.

Outro ponto levantado pela própria XP é que o aumento da exposição a empréstimos ao consumidor (por ex. cartão de crédito, empréstimos, cheque especial) deve favorecer a expansão da carteira de crédito, no entanto, o maior perfil de risco dessas linhas de crédito também deve elevar ligeiramente a taxa de inadimplência e o provisionamento, o que pode pressionar seu resultado no curto prazo.

(We have a winner!) Temos um vencedor:

A disputa é bem acirrada, mas,  a combinação entre o sólido histórico nas linhas de crédito de crescimento, alta eficiência resultando em retornos líderes no setor e valuation atrativo leva a ter uma visão mais construtiva para o Itaú ao longo dos próximos anos.

Mesmo competindo em pé de igualdade com o Itaú em quase todas as frentes, a XP acredita que o cenário atual desfavoreça o Bradesco. 

Além disso, a cultura menos impositiva do Itaú frente às empresas adquiridas parecem fazer mais sentido em um mundo que sofre mudanças frequentes. 

A XP recomenda compra nos papéis ITUB4 com preço alvo de 31,00 para o final de 2022.

A XP indica sentimento neutro sobre os papéis BBDC4 com preço alvo: R$22/ação.

Fonte: XP Investimentos

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Estimativas 2022

Fonte: XP Investimentos

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