O caso Banco Master: Quando o risco se materializa

A maior liquidação bancária dos últimos anos expõe um ponto crucial: muitos investidores ainda não sabem realmente onde estão colocando seu dinheiro e é nessa hora que a orientação técnica faz toda a diferença.

Edição #013

Nos últimos dias, o mercado financeiro brasileiro foi novamente lembrado de que, por trás da aparente segurança de alguns investimentos, há riscos que não se anulam com promessas nem com rentabilidade acima da média. O Banco Master, instituição de porte relevante no segmento de crédito e investimentos, teve sua liquidação extrajudicial decretada pelo Banco Central — e o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) já iniciou os procedimentos para indenizar investidores com aplicações elegíveis à garantia.

O episódio reacende uma discussão fundamental: quantos investidores realmente entendem onde estão colocando seu dinheiro?

Como será o processo de ressarcimento pelo FGC

De acordo com as informações oficiais do FGC, o processo seguirá as seguintes etapas:

🚨 1ª Etapa – Cadastramento (30 dias úteis / cerca de 44 dias corridos)

• O investidor deve baixar o aplicativo oficial do FGC e criar um login com senha.
• É preciso cadastrar uma conta bancária de titularidade própria (no caso de clientes da XP, o Banco 348, agência 0001, com o número da conta e dígito).
• Poderá ser solicitada biometria facial e envio de documento de identificação (RG ou CNH).

🚨 2ª Etapa – Validação e enquadramento (duração a definir)

• O FGC fará a conferência dos dados e o enquadramento da conta na instituição correta (Banco Master S.A. ou Banco Master de Investimentos).

🚨 3ª Etapa – Assinatura do termo e pagamento da garantia (duração a definir)

• Após o envio e validação, o investidor assinará o termo de cessão e sub-rogação.
• O pagamento será então realizado diretamente na conta indicada pelo investidor.

Mais informações podem ser acompanhadas no site oficial do FGC, acesse aqui!

Quanto tempo isso deve levar

Historicamente, o FGC leva em média 30 dias úteis para concluir o pagamento em casos de liquidação de bancos menores, como Banco BRK (33 dias em 2023), PORTOCRED S.A. (27 dias em 2023) e CHB (34 dias em 2021).

Mas, desta vez, o cenário é diferente. O Banco Master possui cerca de R$ 49 bilhões em depósitos garantidos e uma base de aproximadamente 1,7 milhão de investidores, conforme dados divulgados pela própria entidade.

Esse volume inédito deve tornar o processo mais complexo e potencialmente mais demorado do que os anteriores. Cada solicitação passará por análise individual, validação de documentos e assinatura digital. O próprio FGC já reconhece que, dada a magnitude do caso, o prazo final pode exceder a média histórica.

Importante dizer que o FGC paga a rentabilidade do investimento até a data da liquidação decretada, portanto ontem dia 18 de novembro. Quanto maior a demora, maior o custo de oportunidade perdido pelo investidor

A lição por trás do caso Master

A situação do Banco Master não surgiu do nada. Problemas estruturais e sinais de fragilidade já eram conhecidos por muitos profissionais de mercado há algum tempo. Ainda assim, milhares de investidores pessoa física compraram CDBs e outros títulos da instituição atraídos pelas altas taxas de rentabilidade — muitas vezes, sem saber realmente o risco que estavam correndo.

Esse é o ponto em que a presença de um bom assessor financeiro faz toda a diferença.

Um assessor qualificado não é apenas um “intermediário de produtos”. Ele é um gestor de risco pessoal. É quem analisa o emissor, questiona a sustentabilidade da taxa oferecida, e alerta o investidor quando algo parece bom demais para ser verdade. Ele é, sobretudo, quem ajuda a proteger o patrimônio de decisões tomadas no piloto automático.

A pesquisa da Vanguard, uma das maiores gestoras do mundo, reforça isso: investidores assessorados podem ter até 3% a mais de rentabilidade anual, não porque buscam retornos maiores, mas porque evitam perdas desnecessárias — especialmente as causadas por erros de julgamento e falta de orientação técnica.

Num mercado em constante evolução, com plataformas de investimento cada vez mais acessíveis, o papel da assessoria se torna ainda mais essencial.

O caso Banco Master é um lembrete incômodo, mas necessário: no mercado financeiro, o risco nunca desaparece — ele apenas muda de endereço.

E quando ele se materializa, a diferença entre perder dinheiro e atravessar a tempestade com serenidade está, quase sempre, em ter ao seu lado um profissional preparado, ético e presente.

O investidor consciente sabe que rentabilidade é importante — mas segurança e orientação valem ainda mais.

Nos vemos na próxima edição.

— Paulo Cunha

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