Por iHUB 22 de novembro 2022
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Paulo Gama, analista da XP detalha o que o investidor deve atentar-se logo após o pleito nacional

A volatilidade do mercado é estruturalmente maior devido a um ambiente macroeconômico desafiador, porém, para o analista da XP especializado em política, Paulo Gama, que tem mais de 10 anos de experiência reportando sobre o cenário político nacional, a vitória de Lula cria uma pressão dos investidores sobre uma possível intervenção de Lula com as empresas estatais listadas em Bolsa. 

Vale lembrar que a eleição foi uma das mais disputadas da história brasileira, com o ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva voltando ao poder após um lapso de 12 anos, com 50,8% dos votos válidos nas urnas eletrônicas.

Desse modo, Paulo Gama analisa como a vitória de Lula afeta o valor de mercado das empresas listadas na Bolsa brasileira e as perspectivas dos investidores para o novo presidente.

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Agenda do Governo

Em seu governo anterior, Lula gastou pesadamente em programas de benefícios sociais, dando margem de manobra ao presidente enquanto os preços das commodities alimentavam um forte crescimento econômico, com o orçamento federal, a moeda e as ações.

De acordo com o analista da XP, desta vez, Lula não terá tanta “sorte” e para cumprir suas promessas de campanha, terá que ultrapassar o teto constitucional de gastos, criado para evitar o crescimento da relação dívida pública/PIB. 

Teto de gastos

O presidente eleito vem defendendo a quebra do teto de gastos como uma “responsabilidade social” para financiar programas sociais, mas, como explicou o analista da XP, Paulo Gama, o dinheiro tem que vir de algum lugar, seja dos investidores ou da própria população. Com isso, o mercado fica cada vez mais inquieto e tira dinheiro do país, se perguntando como Lula irá administrar a economia brasileira.

Além disso, analistas apontaram que, se a taxa básica de juros (Selic) permanecer alta, o custo da dívida pública do país aumentará, fazendo com que a conta simplesmente não feche.

Desse modo, a incerteza e falta de visibilidade nas propostas econômicas e fiscais do futuro presidente tem afetado o mercado. Como se já não bastasse, Lula enfrentará um país e um Congresso divididos, com os aliados de Bolsonaro ganhando um grande número de assentos nas duas casas. 

Como resultado, dois terços do Congresso serão necessários para aprovar importantes reformas para o mercado, como a da Previdência, e alcançar a cooperação entre os partidos colapsados será uma tarefa assustadora.

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Petrobras 

Depois que Lula foi eleito futuro presidente da república, a Petrobras acumulou perda de R$ 54 bilhões em valor de mercado na semana da vitória, com as ações ordinárias e preferenciais caindo 11,4% e 13,5%, respectivamente.

O preço das ações caiu fortemente porque os investidores temem uma possível intervenção na estatal. O petista deixou claro que não está nada satisfeito com a política de preços da empresa, que considera os preços dos combustíveis praticados no mercado internacional, os custos logísticos de transporte para o Brasil e margens de lucro que compensam os riscos operacionais.

Segundo Paulo Gama, a mudança pode aumentar os custos da estatal, que terá que subsidiar parte do combustível que vende para as refinarias. Aliás, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, chegou a comentar o caso, mostrando aos investidores uma Petrobras diferente da atual gestão.

“Não concordamos com essa política que retira da empresa sua capacidade de investimento e só enriquece acionistas. A Petrobras tem de servir ao povo brasileiro”, escreveu ela.

De acordo com o analista da XP, apesar de o próprio Lula lidar com a questão com alguma cautela, o mercado vem sendo avesso ao risco, liquidando muitas posições no ativo.

Banco do Brasil 

Após o êxito de Lula nas urnas no dia 30 de outubro, o primeiro pregão após vitória resultou no recuo de mais de 5% nas ações do Banco do Brasil, que encerram o dia com queda de 4,64%, cotadas a R$ 37,02.

Uma das razões para a queda é o temor do mercado em relação a possíveis interferências no comando da empresa, tendo em vista que, o governo federal é o acionista majoritário, com 50% das ações.

O próprio Lula, durante sua campanha, afirmou que os bancos estatais deveriam prestar função social. “É preciso que a gente enquadre o Banco do Brasil. Vamos voltar com objetivo de fazer bancos públicos virarem bancos públicos. Não queremos que bancos públicos tenham nenhum prejuízo, mas não queremos que tenham os mesmos lucros dos bancos privados. Eles têm que prestar função social”, disse Lula.

Em suma, o mercado está preocupado com a promessa de Lula em renegociar dívidas a taxas de juros muito baixas, o que, segundo Paulo Gama, pode levar ao retorno de linhas de crédito subsidiadas,  representando riscos de longo prazo para a lucratividade do Banco do Brasil. 

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