Lula eleito presidente: Onde investir agora?
Confira as informações disponíveis até o momento com Lula eleito presidente novamente
Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), foi eleito presidente da República pela terceira vez neste domingo (30/10). Ele assume o Palácio do Planalto em 1º de janeiro de 2023.
Lula obteve 50,90% dos votos válidos e derrotou, no segundo turno, o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que recebeu 49,10% dos votos. Esta foi a eleição mais acirrada da história do país, quando, pela primeira vez, dois candidatos que já ocuparam a cadeira presidencial se enfrentaram. A diferença de votos foi de apenas 2,1 milhões.
A vitória de Lula foi marcada por uma ampliação da sua margem na região Nordeste e pela manutenção da vantagem em Minas Gerais, com relação ao primeiro turno. Do lado de Jair Bolsonaro, apesar de não conseguir a recondução ao cargo, muitos deputados e senadores do seu partido (PL) foram eleitos, além de governadores aliados, como Tarcísio de Freitas, que derrotou Fernando Haddad em São Paulo.
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O que esperar do terceiro mandato de Lula?
Até agora, Lula eleito presidente não revelou quem será o seu Ministro da Economia, tampouco quem vai compor a equipe. É um cenário de incertezas até o momento.
Abaixo, recuperamos algumas falas da campanha do presidente eleito para você, investidor, ter as informações necessárias até o presente momento.
- Problema orçamentário e volta do Bolsa Família
O primeiro desafio imediato de Lula será sobre como o seu governo lidará com o rombo de mais de R$100 bilhões no Orçamento de 2023. Segundo analistas, esse número pode ser ainda maior.
O petista tem falado genericamente que fará um governo com “responsabilidade fiscal”, mas sem explicar como. A volta do “Bolsa Família turbinado”, com a manutenção do valor de R$600,00 e outras medidas podem custar aos cofres públicos mais de R$117 bilhões, sem as receitas necessárias no congresso até o presente momento.
Além disso, nos últimos dias de campanha, ambos os candidatos fizeram novas promessas, com o então candidato Lula prometendo a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 por mês, e um valor “extra” de R$ 150 para cada beneficiário do Bolsa Família com filhos menores de 6 anos.
Para concretizar as promessas, Lula precisará de uma emenda constitucional. Assim, as negociações com o Congresso precisam começar o quanto antes. Isso significa que, desta vez, Lula precisa montar a equipe econômica mais rápido do que o habitual. Talvez ainda esta semana”, comenta Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos.
- Gestão das empresas estatais
As empresas estatais estarão no centro das atenções dos investidores já pela manhã seguinte à vitória do petista. Petrobras (PETR3/PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3) são duas empresas que o candidato se manifestou recentemente, criticando o modelo de paridade de preços da petroleira e sinalizando que o BB poderia ser usado para ofertar crédito a taxas inferiores às do mercado, assim como a Caixa Econômica Federal. Analistas temem que tais decisões possam prejudicar a rentabilidade das companhias.
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No entanto, o rumo das empresas e de seus papéis ainda dependem de sinalizações econômicas. Mesmo que exista o temor de que as estatais não continuem com resultados lucrativos como apresentaram nos últimos anos, especialistas defendem que é preciso aguardar o nome do presidente eleito para o comando da Petrobras e outras companhias a fim de entender em que medida o discurso eleitoral de Lula se traduzirá em mudança efetiva.
- “Kit Lula” de ações
As ações dos setores de educação e construção civil podem reagir bem durante o próximo governo. Durante a campanha, assim como em seu discurso de vitória, Lula declarou que irá retomar os programas Programa Universidade para Todos (Prouni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), o que pode beneficiar papéis de empresas de educação, como Yduqs (YDUQ3) e Cogna (COGN3), focadas no ensino superior.
“As ações do setor de educação tiveram um forte desempenho já na semana passada, com Yduqs (YDUQ3) subindo 22% e Cogna (COGN3) 9%. Algumas ações do varejo e construtoras também tiveram bom desempenho, com a Magalu (MGLU3) com uma alta de 5,5% e MRV (MRVE3) com alta de 5,2%. Esses são os setores que tendem a ser favorecidos na presidência de um governo do presidente Lula, varejo, construtoras de baixa renda e educação”, comenta Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP Research.
O setor de construção civil, voltado para um público de baixa renda, pode ser impactado positivamente com a vitória de Lula por conta do histórico do petista em programas sociais de habitação, como o Minha Casa, Minha Vida, que deve retornar.
“O mercado está receoso com as empresas estatais, porém, também está enxergando as oportunidades que podem vir a surgir no programa de governo. Com Lula eleito presidente, os programas de educação e construção civil, que ele realizou no passado, podem voltar caso consiga apoio no congresso, e os papéis desses respectivos setores podem reagir bem, mas trata-se de uma aposta arrojada, visto que temos pouquíssimas informações até o presente momento”, explica Paulo Cunha, sócio da iHUB Investimentos, empresa parceira do Lounge.
- Tributação de lucros e dividendos
Lula eleito presidente prevê uma reforma tributária que simplifique tributos e reduza a incidência de impostos sobre o consumo. O documento fala de preservação do “financiamento do Estado de bem-estar social”, da restauração do “equilíbrio federativo”, de “transição para uma economia ecologicamente sustentável” e um “aperfeiçoamento da tributação sobre o comércio internacional” com um sistema que “desburocratize a vida das empresas”, reduzindo tributos sobre a folha de pagamento – com a sua desoneração – e impostos indiretos.
Em contrapartida, Lula propõe um aumento de impostos sobre a renda e a riqueza, especialmente sobre lucros e dividendos. “A gente tem que desonerar o salário para onerar as pessoas mais ricas desse país. Lucros e dividendos têm que pagar Imposto de Renda”, comentou o ainda candidato em setembro de 2022.
“De modo geral, não sugerimos mudanças radicais e abruptas nos portfólios, porém, ao longo dos próximos meses, podemos esperar carteiras que mantenham parcelas expressivas em renda fixa, com predileção por pós-fixados e títulos IPCA+ (vencimentos curtos e médios, até 5 anos). Além disso, devemos aumentar gradativamente a parcela de exposição ao dólar, porém com bastante cautela de quais instrumentos utilizaremos, uma vez que o cenário global também passa por desafios por conta de uma provável recessão”, finaliza Rodrigo Sgavioli, head de alocação da XP Investimentos.
Este material foi publicado em 31 de outubro, algumas horas após Lula ser eleito presidente com o resultado oficial divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Portanto, eventuais atualizações com novas informações que forem divulgadas pela chapa vencedora podem não constar neste artigo publicado.