Sem chances de ruptura democrática, Gilberto Kassab fala sobre economia e eleições com investidores
Com destaque para reforma administrativa, Gilberto Kassab explica o que a classe política precisaria fazer para reduzir o “Custo Brasil” e atrair investimento
Ex-prefeito de São Paulo e atual presidente do PSD (Partido Social Democrático), Gilberto Kassab é um dos mais experientes políticos brasileiros, com boa articulação entre os principais partidos que compõem o Congresso Nacional, além de ser uma fonte que consegue analisar o que ocorre em Brasília e a condução da política econômica.
Em evento exclusivo com investidores, organizado pela iHUB Investimentos, Kassab revelou o que pensa sobre o cenário político econômico que o Brasil atravessa, além das suas expectativas para uma das eleições mais polarizadas da história do país.
A maior parte dos temas discutidos no encontro têm impacto direto não apenas na Bolsa de Valores do Brasil (B3), como em todo o mercado financeiro, visto que a política econômica dos candidatos e reformas estruturais estão no radar dos principais investidores brasileiros e estrangeiros.
Abaixo, confira como foi o encontro entre investidores e Gilberto Kassab.
“O Brasil não corre riscos de uma ruptura democrática”
Uma das principais questões levantadas por veículos de comunicação, políticos e setores da sociedade, é se o Brasil corre riscos de sofrer uma ruptura em sua democracia. Nesse tema, Kassab diz não temer uma mudança de regime político, inclusive, por sua posição junto às forças armadas.
“Tenho boa relação com as forças armadas, tenho diálogo com eles e não vejo clima ou interesse em uma ruptura com a democracia no Brasil. Isso não é interessante para ninguém, em especial as empresas que aqui produzem e realizam comércio com vários países no mundo”, afirma Gilberto Kassab.
Segundo o político, aquele que obtiver o maior número de votos válidos na urna terá a sua posse garantida pelo legislativo em 1° de janeiro de 2023.
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O próximo presidente terá governabilidade?
O político acredita que, seja Lula ou Jair Bolsonaro o eleito em 2022, o próximo presidente tem chances de ter governabilidade, pelo número de representantes que pode eleger, garantindo base na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
“Eu acredito que, se Bolsonaro vencer, ele consegue eleger por volta de 180 deputados junto com ele. O caso do ex-presidente Lula não é muito diferente, se eleito, deve eleger consigo em torno de 150 deputados, o que garante um bom início de trabalho no legislativo”, comenta.
Fim do teto de gastos?
Segundo Kassab, o Teto de Gastos, oficializado pela PEC 95, veio para consolidar a Lei de Responsabilidade Fiscal. O objetivo da norma é não permitir que haja um excesso de despesas sem a compensação de um aumento na receita, para não gerar um déficit nas contas do governo.
Porém, na visão do ex-prefeito, por conta da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus e a forte inflação que as principais economias globais passam no momento, a lei do Teto de Gastos precisa passar por uma revisão, que não tem como objetivo extinguir ou “derrubar o teto”, mas sim aperfeiçoá-lo às novas realidades do país.
“É preciso aperfeiçoar o Teto de Gastos. Claramente, o mundo passa por uma crise que gerações inteiras não viveram, seja na saúde ou na economia. Esse aperfeiçoamento é justamente para adequar a política fiscal às necessidades atuais, porém, perder o teto ou deixar o país sem uma regra como essa seria prejudicial”, complementa.
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Reformas Tributária e Administrativa
Duas das reformas mais comentadas dos últimos anos serão pautas que o próximo presidente precisará lidar. Consenso entre alas que vão da esquerda à direita, a reforma tributária não é considerada a “principal” por Gilberto Kassab, que vê na reforma administrativa a oportunidade de reduzir a carga tributária brasileira.
“Uma reforma tributária só tem sentido se for para simplificar e reduzir a quantidade de tributos que temos atualmente. A partir das economias geradas na reforma administrativa, podemos, com responsabilidade, ter uma reforma tributária que reduza os impostos dos brasileiros, e gerar ganhos de curto a longo prazo na sociedade”, diz.
Gilberto Kassab afirma que a carga tributária atual, responsável por 33,9% do PIB do Brasil em 2021, é uma das razões que impedem o crescimento econômico do país. Para inúmeros empreendedores e representantes da indústria, a complexidade e quantidade de tributos é um dos principais pilares do “Custo Brasil”, que limita o crescimento e modernização do trabalho no país.
O tão falado ‘Custo Brasil’, segundo Kassab, ainda pode ser visto na falta de eficiência que o Estado apresenta para a população, sendo um dos indicadores que precisam ser considerados pela política.
“Custo Brasil não é apenas redução de impostos, é procurar eficiência. Educação de má qualidade é ‘Custo Brasil’, como também saúde de má qualidade para as pessoas é ‘Custo Brasil’. Nós precisamos recuperar o ensino público que se perdeu, me recordo quando o ensino público tinha um nível de excelência, e precisamos recuperar isso, é fundamental. A eficiência precisa ser recuperada, os serviços precisam ser melhores, assim reduzimos esse custo que tanto falamos nos últimos anos”, completa.
Por fim, Kassab reitera que um dos efeitos práticos das reformas administrativa e tributária seria a confiança do investidor no Brasil já no curto prazo, o que atrairia capital estrangeiro e fortaleceria o país na competitividade dos negócios mundo afora.
Reforma Política é “não mexer em nada”
Embora menos debatida no dia a dia, a reforma política também é considerada fundamental por especialistas, a fim de reduzir partidos e fortalecer a democracia no país. Contudo, para Gilberto Kassab, a melhor reforma para o momento é manter as coisas exatamente como estão.
“Neste momento, principalmente depois da aprovação das coligações partidárias e outras medidas que vimos nos últimos dois anos, o melhor é não mexer. Digo isso porque muitos partidos devem se unir a outros para seus candidatos manterem-se na disputa, o que levará a uma redução de partidos e atingiremos muitos dos pontos que são amplamente debatidos pela imprensa e pela sociedade”, defende ele.
Na finalização do encontro, Gilberto Kassab reafirmou a sua confiança no futuro do Brasil, e na importância de temas – como as reformas – serem debatidos no próximo governo para o país apresentar um mercado mais competitivo para negociações e receber investimento estrangeiro que não recebe pela complexidade do cenário interno atual.
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