Por dentro das Empresas: Edgard Corona, CEO da Smart Fit (SMFT3), explica como “dançou conforme a música” e driblou a pandemia
Smart Fit fatura R$445,4 milhões no 3º trimestre de 2021; no início do negócio, a mensalidade da rede de academia era R$50,00
*Por Marly Parra, conselheira da iHUB Investimentos.
Cotações em uma tela são muito superficiais e frias, em muitos momentos não refletem com precisão os resultados e o potencial das empresas.
Com o intuito de trazer novas informações quantitativas, e também, qualitativas é com prazer que anunciamos à você, nosso leitor, a nova coluna “Por dentro das Empresas”.
Para aproximar você, investidor, do empreendedor e trazer as histórias reais para contextualizar os gráficos do mercado. Nossa ideia é que os investidores na Bolsa possam conhecer um pouco mais sobre a vida real dos empreendedores que estão por trás das grandes empresas brasileiras.
Na primeira entrevista, Marly Parra, conselheira da iHUB Investimentos, conversou com Edgard Corona, CEO e fundador da rede de academias Smart Fit (SMFT3). Abaixo, confira a entrevista realizada com o empresário que faz sucesso no mercado fitness.
1)Como surgiu a ideia da Smart Fit, academia low/cost e de alta qualidade, que lá em 2009 praticamente ainda não existia no Brasil?
Em 2007, uma moça de um café localizado em frente ao conjunto nacional, na Av. Paulista (SP), pediu para que eu montasse uma academia Bio Ritmo no bairro dela.
Perguntei se no local tinha muita gente e quanto ela achava que daria para cobrar. A resposta foi positiva, pois havia muitas pessoas no bairro dela e o valor que estariam dispostos a pagar seria R$50,00.
Depois dessa conversa fiquei com isso na cabeça. No ano seguinte, conheci a Planet nos Estados Unidos, uma rede de academias que, particularmente, considerei mal projetada quando comparada ao Brasil, mas que cobrava US$10 por mês.
Voltei pro Brasil e resolvi criar uma academia com feeling de academia sofisticada, mas com preço de R$50,00. Desenvolvemos um software próprio, um dos primeiros sistemas de recorrência do mercado.
O foco na musculação, treino cardiovascular e a simplicidade de cobrança eram considerados nosso norte. Desta forma, nasceu a Smart em 2009, para democratizar o fitness de alto padrão.
2) Quais fatores permitiram uma expansão tão grande em números de academias de 2010 até hoje?
Foram vários detalhes, pois sempre fomos focados em cultura e o propósito de democratizar o fitness. Entre eles posso citar:
-Indicadores claros e simples de medir;
-Engajamento da equipe e margem bruta a nível de loja;
-Estrutura horizontalizada e enxuta com pouca hierarquia e baixo G&A;
-Cultura de aprendizado, sempre considerando que erro faz parte do aprendizado.
Com base nesses tópicos criamos muitos processos que nos permitiram replicar a história para mais de 13 países na América Latina, nas nossas mais de 1000 lojas.
A Smart Fit opera academias premium (Bio Ritmo e O2) e estúdios (Race Bootcamp, Tonus Gym, Vidya Body & Mind, Jab House).
Detém a liderança em número de clientes ativos de academias no Brasil, no México e na região composta por Colômbia, Chile e Peru. Confira os países em que a Smart Fit (SMFT3) está presente.
3) Como está sendo o gerenciamento da empresa em virtude da pandemia? Quais estratégias tiveram que mudar e como manter o fluxo de caixa positivo neste período?
Basicamente dividimos em duas fases:
A primeira fase “aterrisagem”: parar obras e expansão, gerenciar um desastre com zero receita nos países, ocorrendo entre sete à dez meses (zero faturamento) e outros oito a nove meses com muitas restrições.
Segunda fase “foco na gestão do caixa”: do outro lado as despesas diminuíram, mas não zeraram, tornando desafiadora a gestão de caixa, pois não tínhamos visibilidade da luz no fim do túnel. Foi bastante difícil.
Embora a gestão de caixa tenha sido muito complicada, fomos bem sucedidos na disciplina da redução de despesas, alongamento do passivo financeiro e fizemos duas capitalizações, sendo uma privada e um IPO espetacular.
Estamos seis meses atrás dos EUA e UK, mas a recuperação está vindo consistente, variando entre 95%, do que tínhamos no pré-covid, a 65% à depender do país.
Porém, mês a mês estamos recuperando, estamos bastante confiantes da volta à normalidade. A Smart Fit chegou a perder quase 1.000 clientes entre março de 2020 e maio de 2021 e viu sua receita líquida reduzir em mais 88% entre o primeiro trimestre e o segundo trimestre de 2020.
4) Como foi o desenvolvimento da empresa e a importância dos fundos de Private Equity que investiram na Smart Fit antes dela acessar o mercado de capitais?
Nós fomos muito felizes nos nossos rounds de equity. Em 2010, com a entrada do Pátria que, além da confiança no projeto, nos trouxe uma grande governança.
Com isso e nosso modelo, em 2014, o GIC (Novastar Investment Pte. Ltd) acreditou no projeto nos apoiando. E em 2019, o CPPIB (Canada Pension Plan Investment Board) e outros grandes fundos fizeram outra capitalização importante e aceleraram ainda mais nosso crescimento.
Todos foram fundamentais para chegarmos até aqui. Os acionistas controladores são o Pátria e a família Corona.
5) O que você diria para quem tem ações da empresa na carteira e no final do dia é seu sócio?
A Smart é um sonho que mudou a saúde na América Latina. Em um almoço há 15 dias com o presidente da Colômbia, Ivan Duque, quando me apresentei, ele disse: “Antes da Smart só rico treinava em nosso país. Vocês melhoraram a saúde da Colômbia”. País que, assim como outras 13 geografias latino-americanas nos deram a oportunidade de abrir os nossos primeiros mais de 1000 clubes.
Temos muito a fazer ainda e existem muitas oportunidades. Acreditamos que o número de praticantes vai crescer com a renda e o aumento de oferta. E nós vamos estar nestas geografias, aumentando essa oferta e aproveitando a oportunidade.
Possuímos um modelo vencedor com processos muito consistentes que vão nos permitir dar um bom retorno para aqueles que nos prestigiaram investindo na gente. Fizemos um grande IPO e só com ações primárias, todos os sócios acreditando no modelo sem vender suas ações. Vamos continuar entregando e dando bom retorno aos nossos stake holders.
Segundo a empresa, a receita líquida no 3T21 foi de R$445,4 milhões, o que significa um crescimento de 122% versus o 3T20.
Veja, abaixo, os destaques o terceiro trimestre de 2021.
*Disclaimer
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