Ata do Copom gera expectativa de queda na Selic para agosto
Durante a semana, ata do FED e dados de payroll nos Estados Unidos são destaque; Ibovespa valorizou 7,6% no primeiro semestre de 2023
Na última semana, o Ibovespa encerrou a semana no negativo, com Petrobras e setor de siderurgia e mineração pesando, mesmo com a melhora no exterior e as falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, trazendo alívio na curva de juros.
No exterior, a inflação abaixo da expectativa, em 0,3% em maio, na Europa e PIB norte-americano do primeiro trimestre do ano acima do esperado, divulgado em 2%, mostrou a força da atividade econômica nos Estados Unidos.
Porém, os discursos de presidentes do Federal Reserve (FED), Banco Central Europeu (BCE) e Banco Central da Inglaterra (BoE) sobre a necessidade de aumentos adicionais nas taxas de juros para controlar a inflação, seguraram as altas.
Cenário Local
A ata do Copom não aliviou no tom da decisão do Comitê, reforçando ainda a inflação benigna e desencorajando as expectativas longas de inflação. No entanto, a autoridade teve, em sua decisão, parte do colegiado tendo pequenas divergências no processo de desinflação, mas com a cautela prevalecendo antes de adotar um movimento de baixa na Selic.
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No Brasil, a taxa de desemprego medida pelo PNAD ficou em 8,3% em maio, recuando ante os 9,8% do mesmo período de 2022. Além disso, o IPCA-15 subiu 0,04% em junho com a alimentação e combustíveis sendo os principais fatores de arrefecimento do índice. No acumulado em 12 meses fechou em 3,40%. Por fim, o IGP-M recuou 1,93% em maio, mais do que o esperado (-1,84%).
O Ibovespa encerrou a semana em queda de 0,75% aos 118.087 pontos, quebrando uma sequência de nove semanas consecutivas de alta. Além disso, no primeiro semestre de 2023, o Ibovespa teve valorização de 7,6%. No radar corporativo, observamos movimento mais favorável a empresas sensíveis à taxa de juros, com mais uma semana em queda no mercado de juros futuros (DIs).
Do lado negativo, destaque da semana para Via Varejo (VIIA3) depois que o empresário Michael Klein, da família de fundadores das Casas Bahia, ter entrado com um processo contra a companhia, para obter liberação de lojas e imóveis que foram vinculados como garantia em pagamentos de passivos fiscais e trabalhistas para a empresa.
Do lado positivo, destacam-se empresas que se beneficiam de queda de juros, como a Gol (GOLL4) que encerrou a semana em alta de 8,70% e em junho 49,7% de alta. A XP em relatório Raio XP, onde detalha as perspectivas para o segundo semestre do ano, destaca:
Apesar de um início de ano fraco, os ativos brasileiros terminaram o 1º semestre com um sólido desempenho. Isso foi devido a: (i) melhora das perspectivas econômicas; (ii) diminuição de riscos políticos e fiscais; e (iii) melhora nas leituras de inflação e expectativas de corte de juros em breve. O Ibovespa encerrou o semestre com forte valorização de 7,6% em reais e 18,7% em dólares – superando ações globais. O real também superou outras moedas globais, com o dólar abaixo de R$5,00. A curva DI também reagiu bem, com taxas mais baixas ao longo da curva.
O cenário de corte de juros já está precificado? Achamos que ainda não: (i) o rali até agora aconteceu apesar da queda de -26% de VALE3, maior ação do Ibovespa, nossos cálculos mostram que, sem VALE3, o Ibovespa teria subido para 131 mil ao invés de 118 mil; (ii) O Ibovespa tende a ser positivo em ciclos de corte de juros; (iii) ainda há potencial para ver fluxos de capital estrangeiro entrando mais fortemente; (iv) os fluxos de institucionais também ainda não retornaram; (v) os investidores PF ainda estão com pouca alocação em Bolsa, mas já vemos uma mudança de sentimento para positivo; (vi) os níveis de posições vendidas ainda estão próximos dos máximos históricos; e (vii) o valuation segue descontado, com o Ibovespa negociado P/L em 8,2x, menor que média histórica e desconto de 50% em relação a ações globais.
Embora nossa perspectiva para o segundo semestre seja positiva para o Brasil, destacamos alguns riscos. Há riscos de recessão no exterior, que podem pesar nos preços das commodities, além do potencial retorno de riscos domésticos, com a reforma tributária como a próxima pauta fiscal, em especial a segunda parte que será sobre impostos em renda.
Mantemos o nosso valor justo do Ibovespa em 130 mil pontos até o final de 2023 e continuamos posicionados com mais risco nas carteiras. Na carteira Top 10, aumentamos o peso de PRIO3 de 5% para 10% e reduzimos VALE3 de 10% para 5% por conta de uma visão mais cautelosa com a China. Na carteira Top Dividendos, reduzimos o peso de ITUB4 e aumentamos exposição a BBAS3. E nas carteiras Top Small Caps e ESG realizamos os lucros em YDUQ3 que subiu fortemente 41% no último mês.
Acesse aqui o relatório completo Raio-XP: Perspectivas para o 2º semestre de 2023.
Veja também os relatórios das carteiras recomendadas para o mês de Julho.
Fluxo Estrangeiro
O fluxo estrangeiro até o dia 29/06 divulgado pela B3, foi para o mês de junho positivo em R$9,72 bi, e no ano positivo em R$16.598 bi. Fluxo bem forte no mês, falta o dia 30/06 que será divulgado amanhã para fecharmos o fluxo do semestre, mas já dá para dizer que o mês de junho foi de um fluxo bastante positivo por aqui.
Confira o comentário técnico por Gilberto Coelho Jr.
O IBOV está em tendência de alta pelas médias de 21 e 200 dias e caso supere os 120.520 projetará teste dos 124.300 ou 128.000. O sinal de baixa seria retomado com a perda dos 116.550 mirando suportes entre 114.300 ou 112.870. O candle de fechamento deixou uma sombra superior que traz uma indefinição para o curto prazo.
O SP500 está em tendência altista definida pelas médias móveis de 21 e 200 dias e chegou a superar os 4.447 favorecendo a busca das projeções entre 4.650 ou 4.800. O sinal de realização seria retomado com uma perda dos 4.350 mirando suportes em 4.300 ou 4.165.
O dólar confirmou o fim da correção técnica retomando o sinal da tendência de baixa. Uma perda dos 4.780 projetaria teste dos 4.660 ou 4.535 por projeção de Fibonacci. Um fechamento acima dos 4.905 traria sinal de alta mirando resistências nos 4.945 ou 5.032.
Juros
A curva de juros teve mais uma semana de recuos, divergência de opiniões de parte do colegiado do Copom, sugerindo que as chances de quedas na Selic em agosto vem aumentando.
Leia também: Primeiro semestre 2023: A economia retomou?
Câmbio e Commodities
O Real se valorizou mais uma vez, com fluxo forte de estrangeiro entrando em emissões de follow-on e na B3.
Ao mesmo tempo, o barril de petróleo subiu mais de 1%, no entanto, o minério de ferro recuou com fraqueza da China puxando para baixo as metálicas e as commodities agrícolas fecharam em posições mistas.
Renda Fixa
As taxas de renda fixas recuaram na semana com alívio da curva de juros, devido ao discurso do Roberto Campos Neto após a ata do Copom.
Perspectivas para a semana
No mercado internacional, a ata do FED e o payroll serão os principais indicadores macro da semana, assim como o início da temporada de balanços corporativos nos EUA. Aqui no Brasil, teremos notícias sobre a reforma tributária e o desfecho da votação do arcabouço fiscal.
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