Tendência de baixa no Ibovespa permanece na véspera do feriado

Dúvidas sobre a nova regra fiscal contribuem para baixa no Ibovespa

Em semana mais curta devido ao feriado da páscoa, a proposta de Arcabouço Fiscal e a necessidade de captação de recursos para a meta de superávit primário continuam no radar do mercado. O Ibovespa encerrou a semana em queda de -1,04%, aos 100.822 pontos.

Poucos dias antes do feriado, o ministro Fernando Haddad afirmou que cerca de 400 a 500 empresas possuem superlucros e possuem subvenções para investimentos, e que ainda estão avaliando algum tipo de taxação para apostas online, assim como importações de pequenas compras em varejistas chinesas. 

Essas medidas, somadas à tributação de fundos exclusivos, poderiam gerar em torno de R$100 a R$150 bilhões de arrecadação adicional, o que seria suficiente para o superávit desejado pela equipe econômica.

O ambiente para a bolsa ficou com percepção negativa, já que a impressão é de que possa vir um aumento de tributação e uma consequente redução de lucro das empresas nos próximos meses. 

Em Wall Street, as bolsas estavam positivas, no entanto, contidas na espera do payroll na sexta-feira, e o volume de novas vagas de emprego criadas nos EUA vieram dentro do esperado de março, com a criação de 236K e salário hora pago (34,4) também dentro das expectativas (34,5).

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Macro Brasil

Balança comercial em março teve resultado recorde em março (USD 10,96Bi).

Macro Europa

Índice PMI de atividade recuou para 47,9 em março, contra 49,3 em fevereiro.

Índice de atividade de serviços recuou para 55 em março (55,6 anterior).

Macro Japão

O índice PMI de atividade subiu para 49,2 em março, acima dos 47,7 em fevereiro.

Macro China

Índice de atividade industrial caiu de 51,6 para 50 em março.

No radar das empresas

A semana também ficou marcada pelas declarações do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a respeito da alteração da política de preços da Petrobrás, que também trouxe uma instabilidade ao mercado e o investidor deve permanecer atento.

No radar corporativo, tivemos a divulgação da Natura (NTCO3) sobre a conclusão da venda da Aesop para a L’oreal por USD 2,5 bilhões. O valor veio acima do projetado que era de USD 2 bilhões. 

A notícia em seu primeiro momento foi animadora, mas o mercado mudou rapidamente de humor, com receios de que as operações remanescentes estão com muitos problemas operacionais de curto prazo, o que poderia trazer uma redução de visibilidade para a empresa nos próximos trimestres. Assim, o ativo se desvalorizou em mais de 15%. 

Do lado positivo a PetroRio (PRIO3) performou positivo em 11,8% na semana, com a divulgação de seu relatório de produção com números de reserva acima do esperado e redução do custo do capex esperado, diferente de pares como PetroRecooncavo e 3R, que trouxeram aumento de capex esperado. 

Além disso, a companhia iniciou a produção no poço N5P2 no Campo de Frade com cerca de 11 mil barris por dia.

Fluxo de capital estrangeiro na B3

O fluxo no mês de abril até 05/04 é positivo em R$1,018 bilhões. Em 2023, o saldo encontra-se positivo em R$9,51 bilhões.

Abaixo, confira o comentário técnico de Gilberto Coelho Jr. CNPI-T 832, analista da XP Investimentos.

“O Ibovespa está em tendência de baixa pelas médias de 21 e 200 dias e caso perca os 99.897 abrirá caminho para teste dos 96.996, em fundo recente ou 94.000 em projeção de Fibonacci.

Para retomada do sinal de alta de curto prazo seria importante fechar acima dos 101.650 mirando então resistências nos 104.085 ou 106.720. O IFR aponta para baixo indicando maior força vendedora.

O DOLK23 segue em tendência de baixa pelas médias de 21 e 200 dias, e caso perca 5.029 projetará teste do fundo em 5.015 ou 4.835 em projeção de Fibonacci. Acima dos 5.102 teria sinal de repique de alta mirando resistências em 5.150 ou 5.220 em pullback na média de 21 dias. O IFR está em sobrevenda e, se superar os 30, favorece repiques de alta.

O SP500 está em tendência de alta pelas médias de 21 e 200 dias. Como fechou acima dos 4.107, favorece teste dos 5.150 ou 5.200. Um sinal de realização viria com a perda dos 4.069 mirando suportes em 3.950 ou 3.769. O IFR apontou para cima retomando sinal de maior força compradora.”

Juros

A curva de juros recuou mais forte nos vértices mais longos, após novos esclarecimentos do plano fiscal que será enviado para o congresso. Falas positivas de Campos Neto sobre arcabouço fiscal contribuíram para a queda dos DIs.

No mais, o Tesouro Nacional emitiu USD1,5 bilhões no exterior, com demanda 3x o ofertado, sinalizando o apetite do estrangeiro por ativos brasileiros ainda.

Câmbio

O real teve leve valorização, continuando o movimento de apreciação das últimas semanas, com menores preocupações sobre o risco fiscal.

Commodities

O barril de petróleo subiu 6,7% após o anúncio de um corte na produção de barris por parte da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). O preço do barril Brent (referência para a Petrobras) ultrapassou os USD 84.

Renda Fixa

Taxas recuaram com fechamento da curva de DI e melhores expectativas quanto ao arcabouço fiscal, diminuindo também a inflação implícita. No entanto, as taxas ainda permanecem atraentes.

Perspectivas para semana

A semana pós-feriado de Páscoa trará importantes indicadores macros. No Brasil, o IPCA de março será divulgado amanhã (11/04), e a proposta do arcabouço deve ser encaminhada ao Congresso Nacional.

No lado externo, a ata do FOMC e inflação nos EUA, quando os agentes vão ajustar as apostas no Fed e o início dos balanços corporativos do 1T23 em Wall Street.

Abaixo, confira o que mais você deve ficar atento durante a semana.