FED reafirma prioridade no combate à inflação e avanço econômico está em segundo plano
Confira o boletim semanal da segunda semana de julho
Na última semana, o evento mais aguardado pelo mercado era a ata do FOMC, Comitê de Política Monetária do FED, divulgada na quarta-feira (06/07). No documento, o órgão, responsável por implementar a política monetária nos Estados Unidos, reiterou seu comprometimento com o combate à inflação.
Além disso, o comitê trouxe visibilidade para o mercado ao anunciar que uma nova alta no intervalo entre 0,50pb a 0,75pb “provavelmente seria apropriada” na próxima reunião, entre 26 e 27 de julho.
Os diretores do FOMC declararam que uma política monetária mais restritiva se faz necessária no momento, indicando ao mercado a possibilidade de novos aumentos na taxa de juros ao menos até o começo de 2023, com a taxa atingindo o patamar de 3,75% ao ano. Neste cenário, só ocorreriam cortes na taxa a partir de 2024.
No documento, o FED não revela maiores preocupações com a economia, logo, os recentes dados de emprego divulgados demonstram que a economia americana segue aquecida, ao menos por enquanto.
Segundo os dados de payroll divulgados na última sexta-feira (08/07), em junho foram criadas 372 mil novas vagas de trabalho, um número bem acima do esperado que era 268 mil, mostrando que o mercado de trabalho americano continua forte.
O semestre começou aquecido para a renda fixa americana e, na última semana, houve a “inversão das taxas”, evento que ocorre quando os rendimentos dos títulos do tesouro com vencimento mais curto superam os de vencimento mais longo.
Na quarta-feira (06/07), os títulos com vencimento em dois anos eram negociados em 2,843% enquanto os de 10 anos eram negociados em 2,814%. Economistas dizem que este dado isoladamente não assegura que haverá uma recessão, porém, o observado é que todas as recessões econômicas enfrentadas pelo país foram precedidas da inversão destas taxas.
O assunto é o mesmo na Europa, as vendas do varejo e PMI de serviços na Zona do Euro, a Produção Industrial e a balança comercial na Alemanha apontam para uma leve desaceleração do bloco. Dentro disso, a Balança Comercial Alemã, que apresentou um primeiro déficit desde 1990, é um destaque no cenário.
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Embora as bolsas europeias reagiram bem a essas informações, o euro acabou sofrendo perdas em relação ao dólar. O motivo deste movimento é a perspectiva de inflação associada ao enfraquecimento da economia.
Existe uma vertente de economistas que alertam para o fato de que o BCE – Banco Central Europeu – estar leniente demais com a inflação e, por isso, atrasado no início do aperto monetário. Outra vertente concorda com o BCE, pois entende que no momento é preciso impulsionar a economia que a cada dia parece se enfraquecer.
Na China, o PMI de serviços, índice que mede a atividade do setor, subiu para 54,5% em junho, ante 41,4% em maio, indicando forte crescimento quando o país flexibilizou a mobilidade após os fortes lockdowns impostos à população.
Porém, a China não está livre do fantasma da pandemia. Xangai registrou o maior número de infecções por covid desde o final de maio e a cidade de Pequim passará a exigir o “passaporte de vacina” para entrar em centros esportivos, lojas de entretenimento, dentre outros estabelecimentos, não excluindo a possibilidade de um novo fechamento das atividades comerciais.
Cenário local
No Brasil, os repetidos aumentos da taxa Selic parecem estar começando a dar resultado, ao menos foi essa a interpretação do mercado ao analisar a publicação do IPCA, na última semana.
Em junho, o índice subiu para 0,67%, um pouco abaixo dos 0,70% esperados por economistas. No ano, a inflação é de 5,49% e nos últimos 12 meses chegou a 11,89%.
Já a produção industrial subiu 0,3% entre abril e maio, em linha com o consenso que esperava uma alta de 0,4%. Este é o quarto aumento mensal consecutivo para a produção industrial no país, que segue se recuperando, mas o indicador ainda está 1,1% abaixo do nível anterior a pandemia.
Outro assunto aguardado pelo mercado são os desdobramentos da PEC dos Benefícios, que teve um pedido de vistas, adiando sua votação na Câmara dos Deputados. A nova votação deve ocorrer nesta terça-feira (12/07).
Confira como o mercado encerrou a semana
Destaques do Ibovespa
Veja as empresas que mais valorizaram e as que mais se desvalorizaram na semana
Os destaques positivos da semana foram as grandes varejistas nacionais VIA, Lojas Americanas e Magazine Luiza. Perguntado à analistas, eles não souberam sinalizar os verdadeiros motivos por trás desta alta, mas alguns pontos foram levantados como:
– A possibilidade da aprovação da PEC dos Benefícios;
– A revisão do preço alvo das ações destas companhias pelo BTG, que recomendou compra para MGLU3 e AMER3, já sobre VIIA3 o banco se mostrou neutro.
No campo negativo, o destaque foi a empresa Gol (GOLL4), não foram encontrados motivos específicos para a queda das ações da empresa.
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Câmbio e juros
O Dólar encerrou a semana com queda de -1,43% em relação ao Real, cotado em R$ 5,26/USD.
Já a curva dos juros futuros DI com vencimento em janeiro de 2031, apresentou alta de 24bps na semana e atingiu o patamar de 13,06%.
Relatório FOCUS
Após um longo período sem ser divulgado, devido à greve dos servidores do Banco Central, o Relatório Focus trouxe um resumo das expectativas para o PIB, IPCA, Câmbio, Selic, feita pelos agentes de mercado, como bancos, corretoras, gestoras, entre outros.
O relatório desta semana mostra um mercado mais otimista em relação ao PIB e projeta um crescimento de 1,59%, enquanto, há 4 semanas a previsão era de 1,42%.
Veja as previsões do Relatório Focus:
Confira outros assuntos que podem impactar seus investimentos essa semana
No cenário internacional, o mercado estará atento à divulgação da inflação americana ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) de junho. Além da publicação do Livro Bege pelo Fed, que reúne informações sobre as condições econômicas nos EUA.
Serão esperados também dados de setor externo e atividade na China, os quais serão importantes termômetros para a atividade global.
No Brasil, o foco vai continuar na tramitação da PEC dos Benefícios Fiscais, que deve ser votada na Câmara. Na seara de indicadores, os destaques serão a divulgação do volume de serviços e das vendas no varejo referentes a maio.
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