Guerra pode agravar inflação global, e preocupação faz COPOM estimar Selic em 12,75% ao final de 2022
Confira o boletim semanal da quinta semana de março
Após completar um mês na última semana, o conflito entre Rússia e Ucrânia ainda não apresenta sinais de que está perto de parar. Na última quinta-feira (24/03), a bolsa de valores da Rússia reabriu e encerrou o dia em alta de 4,37%, após ter fechado suas negociações há quase um mês.
Os destaques foram para as gigantes petrolíferas Rosneft e Lukoil, que subiram 16,97% e 12,41%. Mas, segundo analistas, este desempenho está longe de refletir o comportamento do mercado.
Isso ocorre porque o Banco Central Russo, para se proteger e passar uma imagem de que o mercado interno não está tão ruim, mesmo com o Rublo se desvalorizado mais de 50% quando comparado com o Real, estabeleceu uma série de regras para a abertura da bolsa, dentre elas estão:
1. Limitação de negociação para apenas 33 das 50 ações que compõem o índice Moex, similar ao Ibovespa;
2. Proibição de venda à descoberto;
3. Investidores estrangeiros só poderão vender ações de empresas russas após 1º de abril;
O mercado segue acompanhando a agenda do G7, União Europeia e dos aliados da Otan. Na última semana o presidente americano Joe Biden anunciou que vai aumentar a exportação de gás para a Europa ainda neste ano, com o intuito de suavizar os impactos e os riscos de depender do gás russo.
Ainda em agenda coletiva, os países citados acima manifestaram apoio a Ucrânia com o envio de armas e dinheiro. O presidente americano foi enfático ao dizer que os Estados Unidos não serão omissos caso a Rússia utilize armas químicas.
Nos Estados Unidos a agenda econômica principal também se concentra na inflação, neste sentido o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, diz que a inflação está muito alta e que o banco pode agir aumentando o ritmo de elevação da taxa de 0,25% para 0,5% caso os índices de inflação continuem elevados.
No Brasil o ponto alto da semana foi a ata do COPOM, que mais uma vez demonstrou a preocupação do Banco Central com a inflação que será impactada pela guerra, e pode trazer efeitos na cadeia de produção.
Segundo o COPOM – Comitê de Política Monetária do Banco Central – a taxa Selic no final do ano de 2022 deve ser 12,75%, mas o órgão destaca que eventos oriundos da guerra ainda são imprevisíveis, e podem fazer o BC elevar ainda mais a taxa que hoje está em 11,75% ao ano.
Apesar da alta volatilidade do mercado, oriunda principalmente de incertezas que pairam sobre o desenrolar da guerra, tanto as bolsas americanas como a brasileira terminaram bem a semana.
Confira como o mercado encerrou a semana
Destaques do Ibovespa
Veja as empresas que mais valorizaram e as que mais se desvalorizaram na semana
As ações do Ibovespa que mais se valorizaram na última semana foram da companhia de Educação Cogna e do Grupo Soma.
Segundo analistas da XP, a alta da COGN3 se deve ao fato da companhia ter divulgado demonstrações financeiras melhores do que a expectativa do mercado, além do fato de que a companhia Ser Educacional (SEER3) também ter apresentado bons números o que sinaliza uma melhora do setor.
O destaque negativo se deu pelas ações da Suzano (SUZB3). Sem notícias específicas, os analistas atribuíram o desempenho ruim à queda do câmbio, devido à grande parte da receita da companhia ser dolarizada.
Câmbio e juros
O dólar encerrou a semana com queda de 5,58% em relação ao real, cotado em R$ 4,74/USD.
Analistas de mercado sugerem que parte da queda do dólar se deve ao forte fluxo estrangeiro que tem migrado para o Brasil pelo país ter alta exposição em commodities.
Já a curva dos juros futuro DI, com vencimento em janeiro de 2031, apresentou queda de -52bps na semana e atingiu o patamar de 11,63%.
Boletim FOCUS
O Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, resume as expectativas para o PIB, IPCA, Câmbio, Selic, feita por agentes de mercado, como bancos, corretoras, gestoras entre outros.
O relatório desta semana chama atenção para a expectativa de inflação que, na leitura dos participantes da pesquisa, deve estar por volta de 6,86% ao fim do ano. Há quatro semanas, esperava-se que o IPCA encerrasse o ano de 2022 em 6,60.
Para conter este aumento na inflação, o mercado também fez um ajuste na sua previsão da Selic, que passou de 12,25% para 13%.
Confira as projeções do Boletim Focus para o ano de 2022
Especialistas destacam que, dada a dificuldade de prever estes indicadores, o investidor deve se atentar à tendência do que o mercado está enxergando. Neste sentido, IPCA e Selic, segundo o FOCUS, estão em tendência de alta.
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Confira os assuntos que podem impactar seus investimentos essa semana.
Nesta semana o mercado continuará atento com as negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia, além da pressão que os países membros da Otan estão exercendo pelo fim da guerra.
Já no cenário macroeconômico global teremos a divulgação dos dados da inflação na Zona do Euro e indicadores de atividade da China.
No Brasil segue a temporada de divulgação de balanços, cerca de 88% das empresas do Ibovespa já divulgaram seus resultados.
Confira as empresas que divulgam seus balanços esta semana.