Por Paulo Cunha 08 de fevereiro 2022
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Inflação, alta da B3 e estrangeiros apostando no Brasil marcaram o mercado em janeiro

O mercado em janeiro foi a antítese do que ocorreu no ano todo de 2021.

Enquanto no Brasil houve ingresso de fluxo comprador com a bolsa saltando quase 7%, nos EUA o principal índice recuou 5,30%, aproximando do nosso mercado, que ficou totalmente descolado da alta ocorrida mundialmente no ano passado.

Isso também ajudou na queda do dólar e dos juros futuros no Brasil, evidenciando uma melhora na aversão ao risco.

Inflação incômoda

O IPCA encerrou o ano de 2021 com alta de 10,06%, o maior índice desde 2015 e muito acima da meta do Banco Central, que previa 3,50%. Devido ao fato de estarmos em ano eleitoral, e com muitas “pautas bomba”, tudo indica que o aumento dos preços deve continuar incomodando por mais um tempo.

Porém, a inflação alta não é exclusividade apenas do Brasil, os EUA encerraram 2021 com aproximadamente 7% de inflação acumulada, o que está trazendo temores de um aperto monetário muito mais forte do que era esperado pelo Fed (banco central americano).

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Estrangeiros indo as compras

Aproveitando que a bolsa brasileira estava bastante descontada, ocorreu um forte fluxo de ingresso de capitais como não se via há tempos, sustentando a maior valorização mensal desde dezembro de 2020. Esse forte ingresso de recursos também desvalorizou o dólar, que caiu 5% em janeiro, cotado a R$5,30.

Na prática, ocorreu uma troca de mão de mercados desenvolvidos indo para emergentes, que também fez outros países da América Latina terem boas performances.

Incerteza nos mercados desenvolvidos

Enquanto no Brasil houveram ondas favoráveis, nos EUA, com a maior inflação dos últimos 40 anos (7%), o Fed adotou um tom mais duro (hawkish), e sinalizou alta dos juros antes do previsto.

Isso fez com que os investidores optassem por realizar lucros de 2021 e migrar seus investimentos. Assim, o S&P500 teve o pior desempenho desde março de 2020, caindo -5,30%, enquanto a Nasdaq caiu -8,98%. As commodities, principalmente as energéticas como o petróleo e o gás natural, tiveram um mês muito positivo, pressionando mais ainda a inflação global.

Por último, o mercado em janeiro também repercutiu as tensões geopolíticas na fronteira entre Rússia e Ucrânia, que podem trazer novos ingredientes para o cenário macro de 2022.

Renda fixa brasileira

Com a alta dos juros ocorrida ao longo de 2021, já atingindo os dois dígitos, papeis conservadores como CDBs, LCIs, LCAs, entre outros pós-fixados, estão trazendo ganhos atraentes mês a mês, se aproximando de 1%.

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No caso dos ativos atrelados a Inflação (IPCA), eles estão em sua maioria rendendo mais, se aproveitando da alta dos preços e convertendo em rentabilidade. Na maioria superaram 1% de ganho no mês de janeiro, considerando a marcação na curva.

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Principais riscos a monitorar em 2022

O que esperar para os próximos meses?

Já no início de fevereiro, o COPOM anunciou aumento da taxa Selic, chegando a 10,75% ao ano. Pela sinalização da ATA do Banco Central, é esperado mais um aumento na próxima reunião, deixando a taxa básica de juros perto dos 12% a.a.

Neste cenário a aposta mais óbvia acaba sendo a renda fixa, uma vez que é possível “garantir” mais de 1% ao ano. Porém, a principal dúvida é: até quando a taxa vai permanecer elevada e atraindo investimentos para a renda fixa?

Alguns analistas já fazem apostas que a queda da taxa pode acontecer em breve, beneficiando ativos de riscos e papeis mais longos indexados à inflação (NTN-B). Além disso, gestores de ações de casas como Equitas e JGP, apostam que as ações ainda seguem extremamente descontadas frente ao seu potencial de crescimento:

“Ao longo dos últimos 11 anos, desde o início do Equitas Selection, em raras ocasiões vimos nosso portfólio com uma combinação tão favorável de empresas diferenciadas, com alto potencial de crescimento, negociadas a preços tão deprimidos.” Informativos aos investidores Equitas Gestora – Jan/22

Já a JGP cita a assimetria entre o S&P 500 e o Ibovespa:

“A verdade, como comentamos diversas vezes ao longo do ano passado, é que a bolsa brasileira terminou 2021 muito atrás do S&P, com valuations em patamares que não vemos há muitos anos. Essa combinação, sem dúvida, dá o suporte necessário para a performance que vimos”. Comentários do gestor – Carta Mensal JGP Jan/22

O movimento de alta da Selic retirou volumes consideráveis dos fundos de ações ao longo do 2º Semestre de 2021, o que alimentou a pressão vendedora neste período. Já em dezembro, esse fluxo se reverteu e provavelmente devemos ter uma recuperação dos aportes nesta categoria.

Segundos alguns gestores, esse efeito deve também ajudar a bolsa a se recuperar ao longo de 2022, conforme o gráfico abaixo:

Fonte: ANBIMA

As maiores oportunidades sempre surgem nos momentos de maior incerteza, porém, a certeza do timming correto só pode ser comprovado pelo retrovisor. Sendo assim, é importante que investidor busque boas alternativas, mantendo a cautela necessária para enfrentar mares turbulentos nos próximos meses.

Fechamento indicadores de janeiro/22

  • ? CDI: +0,84%
  • ? IPCA-15:+0,59%
  • ? Ibovespa: +6,98%
  • ? S&P 500: -5,30%
  • ? NASDAQ:-8,98%
  • ? Ouro:-8,33%
  • ? Bitcoin:-20,69%
  • ? Dólar: -4,78%
  • ? IHFA: +1,26%
  • ? IFIX:-0,99%

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