Por iHUB 14 de dezembro 2021
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Com a queda do índice Ibovespa, volatilidade puxa investidores para renda fixa; entenda o que está acontecendo com os fundos de ações e multimercados

No início do mês de junho deste ano, até o final de novembro, a bolsa brasileira amargou fortes perdas. O índice Ibovespa, que no dia 07/06 era cotado em 130.776 pontos, encerrou o mês de novembro cotado à 101.915, o que representa uma queda de 22,07%.

Analistas destacam inúmeros motivos para essa queda, os principais são: demora em aprovar a PEC dos Precatórios, desdobramentos do Covid-19, alta da inflação, aumento dos gastos públicos e incertezas quanto ao comprometimento com teto dos gastos e com a parte fiscal do país, além do aumento da taxa de juros Selic.

Mas será que isso explica toda essa queda?

Olhando um pouco mais de perto, para os fluxos da bolsa, é possível encontrar um padrão que é característico em períodos de aumento da taxa de juros. É a migração dos investimentos da bolsa para a renda fixa.

Veja mais: Saiba mais sobre o que são investimentos em renda fixa

Com a alta da taxa Selic os investidores começam a fazer contas e ponderar se vale mais a pena continuar investindo nas ações da bolsa ou apenas alocar o dinheiro na renda fixa e deixar render com menos volatilidade.

Segundo dados da Anbima – Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais – no gráfico abaixo, é possível observar o fluxo do dinheiro que sai das aplicações em fundos de ações e multimercados, e migra para os fundos de renda fixa.

Os investidores começam a fazer contas e ponderar se vale mais a pena continuar investindo nas ações da bolsa ou apenas alocar o dinheiro na renda fixa e deixar render com menos volatilidade.

Segundo dados da Anbima – Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais – no gráfico abaixo, é possível observar o fluxo do dinheiro que sai das aplicações em fundos de ações e multimercados, e migra para os fundos de renda fixa.

Fonte: iHUB Investimentos

Olhando para o gráfico vemos que as colunas referentes a renda fixa, em azul, permanecem positivas ao longo do ano inteiro, teve uma forte alta de julho até novembro, com um pico em setembro. 

Para o mesmo período vemos um fluxo inverso para os fundos de ações e multimercados, de junho até novembro o gráfico apresenta fortes resgates por parte dos investidores, como é possível ver na linha verde, para os fundos de ações e nas colunas laranjas, para os multimercados.

A explicação levantada por analistas é que os sequentes aumentos da taxa Selic, que no início do ano estava em 2% a.a. e hoje em 9,25%, incentivam o investidor menos averso à risco a optar pela renda fixa. Ao fazerem essa escolha e resgatar suas aplicações nos fundos de ações e nos multimercados, isso faz com que os gestores sejam obrigados a se desfazerem de suas posições e venderem as ações que os fundos possuem para honrar os resgates. 

O passo seguinte deste ciclo é o desenrolar da lei da oferta e demanda, o excesso de fundos multimercados e de ações vendendo seus papeis para pagar o resgate dos clientes, que estão migrando para a renda fixa, faz a bolsa cair ainda mais.

Um ponto destacado pelos analistas e que corrobora para essa análise é o fato de os balanços que as empresas reportaram referentes ao  1º, 2º e 3º trimestres do ano estarem em linha com as expectativas do mercado e inclusive, em alguns casos, apresentando crescimento quando comparado com o mesmo período do ano anterior.

Veja abaixo a captação líquida para os fundos da classe renda fixa:

Fonte: Anbima

Veja abaixo a captação líquida para os fundos da classe ações:

Fonte: Anbima

Nos gráficos acima é possível notar que a captação líquida dos fundos de ações em janeiro, setembro, outubro e novembro é negativa, ou seja, ocorreram mais resgates do que aplicações. Por outro lado, na categoria renda fixa, em todos os meses do ano houve mais aplicações do que resgates.

Um caso emblemático é o do fundo multimercado Adam Macro da gestora Adam Capital. Segundo a InfoMoney, o fundo possuía, em 24/11, cerca de R$1,2 bilhão sob gestão, enquanto no seu auge ele chegou a possuir cerca de R$12,7 bilhões, isso representa uma queda de mais de 90%.

O fundo da Adam Capital não está isolado neste movimento, diversos fundos de diferentes gestoras estão passando por isso. Resta, portanto, o investidor saber até quando este movimento irá ocorrer.

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