Por iHUB 09 de novembro 2021
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Nesta segunda-feira, 08 de novembro, Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, conversou com Paulo Gama, analista político da XP. Veja, abaixo, o que os especialistas falaram, e como política e investimentos estarão relacionados até as definições das eleições de 2022.

Paulo Gama, que está na XP desde 2017, faz parte de um time composto por sete pessoas dedicadas a cobrir política nacional, acompanhando o dia a dia do Congresso, e do Supremo Tribunal Federal.

Jornalista de profissão, ele diz que seu objetivo principal é olhar para política de uma forma que deixe o cenário mais previsível o possível para todos.

Confira algumas perguntas feitas por Paulo Cunha para Paulo Gama, referente ao momento político atual e de que forma isso interfere no universo dos investimentos.

  1. Tem muito ruído vindo de Brasília, na sua visão, como está o clima por lá?

Os governos geralmente optam por retardar o processo eleitoral. A cartilha da política recomenda que o governo atrase o anúncio da candidatura, até para não iniciar os ataques e desgastar a imagem.

Mas, Bolsonaro faz coisas fora da cartilha, desde início praticamente, ele expôs que será candidato e que vai brigar muito por isso. Essa postura contribui para inflamar os ânimos por lá. Assim, o ambiente em que o governo e o congresso estão direcionados é para a reeleição em 2022. 

2. No centro da atual discussão está a questão do aumento do teto dos gastos, como você e o mercado olham para isso?

O principal argumento para o aumento do teto dos gastos é a criação do novo programa de transferência de renda, o Auxílio Brasil, que deve extinguir o Bolsa Família.

A questão é que o Bolsa Família custa cerca de R$30 a R$35bi por ano, enquanto a proposta do Auxílio Brasil vai subir este custo para algo entre R$70 e R$80bi, como encaixar esse recurso no orçamento?

O mercado chegou à conclusão de que não cabe, mas a solução apresentada pelo governo foi aumentar o teto, mudar a maneira como o teto é calculado. 

Essa mudança, em si, não necessariamente é algo ruim para o país, em algum momento ela deveria ocorrer, porém, os investidores ficam receosos com a maneira e o momento em que isso é feito. Dado à proximidade com as eleições pode caracterizar como uma ação populista e que visa apenas a reeleição.

Saiba mais sobre o comportamento do mercado na última semana

3. Visto que a PEC dos Precatórios está avançando e talvez seja aprovada em breve, podemos esperar que o país avance com as reformas necessárias?

Na minha visão, não deve ter reformas significantes até a eleição, a reforma administrativa por exemplo, deve ficar para 2023. 

4. Pensando em eleições, tivemos algumas pesquisas apontando que aproximadamente 90% da população é a favor da reforma administrativa, os políticos não veem que a opinião pública quer a reforma? Não seria de interesse eleitoral deles fazer isso avançar?

Existe uma desarmonia muito grande entre os poderes: O Artur Lira, por exemplo, se aproximou do governo pra fazer a interlocução entre governo e os deputados. Já o Rodrigo Pacheco é um pouco mais distante do governo, por exemplo, e foi ele quem aprovou a instauração da CPI da pandemia. 

Existem ainda desavenças entre câmara, senado, governo e STF. Neste ambiente, fica muito difícil fazer uma reforma tão importante.

A prioridade de todos é buscar a reeleição, para a vontade popular ser ouvida precisaria de um ambiente negativo no mercado, como um aumento brusco de inflação, da taxa de juros e desemprego, por exemplo. 

Se eles perceberem que isso, de fato, atrapalharia a reeleição, talvez houvesse algum esforço para implementar alguma reforma, mas hoje o objetivo é aumentar o orçamento.

Tem, por exemplo, o Vale Diesel que foi prometido para cerca de 750 mil caminhoneiros, pra tudo isso precisa abrir espaço no orçamento. A percepção é de que isso vai ajudá-los na reeleição.

5. Em eventual reeleição do Bolsonaro, ele deve retomar a pauta liberal e focar em arrumar o fiscal?

Na minha visão ele se manterá igual, mais do mesmo, até porque ele nunca foi 100% liberal, o Paulo Guedes sempre precisou convencê-lo das necessidades, portanto, acredito que a postura do Bolsonaro não deva mudar.

6. Existe chance para o surgimento de uma 3º via, se sim, quem seria?

É muito difícil prever eleições com tanta antecedência, por isso, olhamos para as informações de pesquisa que temos hoje. Quando olhamos para estas pesquisas vemos que existem apenas dois fortes candidatos, Lula e Bolsonaro.

Gostamos muito da pesquisa que não sugere um ou outro candidato, mas sim a que pergunta ao eleitor em quem ele votaria, qual nome vêm à cabeça para governar o país. Nestas pesquisas o Lula aparece com 31% de intenções de votos e o Bolsonaro com 24%.

Uma terceira via surgiria se tiver uma piora muito forte no cenário macro, que diminuísse a popularidade de Bolsonaro. Ou uma rejeição forte de ambos, isso pode abrir um espaço para o eleitor de centro escolher uma terceira via.

Por enquanto, esse fortalecimento da terceira via depende da deterioração do cenário econômico e enxugamento da popularidade de Bolsonaro.

7. O Sérgio Moro seria um nome forte para esta terceira via?

Moro também é dependente do enfraquecimento do Bolsonaro, não é trivial, ele não desponta como terceira via no começo, mas pode ganhar força ao longo da eleição. Hoje nas pesquisas o percentual de pessoas que votariam nele ainda é muito baixo.

8. Quanto ao PSDB, já é possível saber o nome do candidato, Dória ou Eduardo Leite?

Ainda não, por lá a disputa é muito parelha e ainda não está definida. Agora tem a questão dos 92 prefeitos do Estado de São Paulo que foram impedidos de votar por suspeita de fraude, portanto, o cenário segue incerto no PSDB.

Assista a entrevista completa:

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